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Moedas digitais e lixeiras inteligentes: inovações da Miami Tech chegam ao cotidiano

Fundo municipal de criptomoedas arrecada $ 21 milhões em três meses e pode devolver dinheiro aos cidadãos. Cidade também testa uso de inteligência artificial na coleta de lixo.

Fundo municipal de criptomoedas arrecada $ 21 milhões em três meses e pode devolver dinheiro aos cidadãos. Cidade também testa uso de inteligência artificial na coleta de lixo. Foto: Steele Rutherford/Unsplash

 

A ascensão da cena tech em Miami nos últimos anos gerou pelo menos três unicórnios só em 2021 (Pipe, Aleph Holding e Papa), atrai empresas, eventos e novos fundos de venture capital. Agora, o ambiente de inovação começa a sair da bolha de negócios para chegar como uma oferta de serviços digitais aos cidadãos – motivado tanto por startups quanto por iniciativas públicas.

No início de novembro, o prefeito de Miami, Francis Suarez, anunciou que planeja devolver recursos aos contribuintes em moedas digitais. A cidade tem sua própria criptomoeda desde o começo do ano, a MiamiCoin, parceria com o protocolo CityCoin (quem minera uma moeda envia 30% como receita para um município). Nos últimos três meses, a cidade ganhou $ 21 milhões pela valorização de seu fundo crypto – nesta toada, a captação pode representar 20% do total que Miami arrecada com impostos anualmente. E eventualmente poderá até cobrir as necessidades fiscais da cidade.

“Seremos a primeira cidade na América a dar um pouco de rendimento como dividendo diretamente a seus moradores”, disse Suárez, que tem planos ousados em relação à moeda. Os pagamentos serão feitos por meio de uma carteira digital própria, pela qual será possível também pagar impostos e outros serviços públicos. “Se funcionarmos sem impostos, seria revolucionário”, comenta o prefeito, que acredita ser possível captar mais de US$ 60 milhões com o token digital em 2022. 

A lei da Flórida, porém, proíbe que governos locais detenham ativos voláteis. Além disso, a ideia já recebeu críticas por ser uma captação “desnecessária” de dinheiro e uma aposta arriscada por ser um ativo volátil, o que pode comprometer o orçamento da cidade em caso de queda na cotação da moeda digital. 

Em entrevista à Forbes no início do ano, Suarez disse que legisladores em Miami estavam estudando políticas “crypto-friendly” de estados como Wyoming e Nova York para entender como funcionam incentivos regulatórios para criptomoedas e blockchain. “Teremos as leis mais progressivas dos EUA para cripto, para ter certeza de que ninguém terá uma vantagem sobre nós com base em leis que são dinâmicas”, disse Suarez. 

Miami recebeu, em junho deste ano, o maior evento já realizado sobre criptomoedas, o Bitcoin 2021, que teve seus 12 mil ingressos esgotados e gerou uma movimentação de 50 mil pessoas, fortalecendo a imagem da cidade como “capital do Bitcoin” – até então, a conferência ocorria em Los Angeles. 

 

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL PARA GESTÃO DO LIXO

No caminho para ser reconhecida como uma cidade tech, Miami começa a usar inteligência artificial para a gestão de resíduos urbanos. Até o final do ano, será implantado um sistema inteligente que prevê a coleta automática de lixos quando estão cheios: câmeras inteligentes apontadas para os lixões tiram diversas fotos por dia, analisando não só o tempo em que ficam saturados mas também que tipo de resíduo está sendo depositado.

Este controle pode aumentar a taxa de reciclagem, reduzir as emissões de carbono associadas com caminhões de lixo e economizar recursos públicos (como água e eletricidade) no gerenciamento de resíduos. Serão monitorados, como um projeto piloto, 40 lixões próximos a prédios públicos ao longo dos próximos 60 dias. 

“Tudo se baseia em estimativas”, diz Jason Gates, CEO da Compology, empresa de software que fez parceria com a prefeitura – segundo o executivo, o sistema reduz os custos entre 30% e 40%. Corrigindo apenas o cronograma dos serviços de coleta, a empresa já economizou, em outros clientes, $ 3.321 por lixeira individual anualmente.  A tecnologia também pode identificar itens como sacos plásticos de filme fino, que muitas vezes não podem ser reciclados.

Para a Compology, uma startup com base em San Francisco, este será o primeiro teste em uma cidade de grande porte. “Estamos vendo nos dados que será possível cortar dezenas de milhares de quilômetros de caminhões de lixo por ano, corrigindo seus horários de serviço. São toneladas de carbono que a cidade está reduzindo”, explica Gates, citando também o impacto de engarrafamentos causados pela locomoção dos caminhões de lixo. 

Ken Russell, membro da Comissão Municipal de Miami, avalia que “a melhor maneira de aproveitar a onda de interesse tecnológico na cidade não é pelos incentivos fiscais para atrair empresas, mas tornando-a acolhedora para soluções tech que possam resolver nossos problemas”. 

 

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