Novo, banco digital para pequenas empresas, se aproxima do clube do bilhão de dólares

Fintech com sede em Miami, fundada por Michael Rangel e Tyler McIntyre, recebe investimento de $ 90 milhões e quer aumentar a competição com as grandes corporações financeiras

O ecossistema de tecnologia de Miami ganhou novos unicórnios, e alguns outros candidatos, ao longo de 2021. Entre as startups que despontam a alcançar o clube do bilhão de dólares em valor de mercado – como já fizeram Pipe, Aleph Holding, Reef e outras – está a Novo, uma plataforma bancária digital voltada a pequenas empresas, que recebeu há duas semanas um investimento de $ 90 milhões para um agressivo plano de crescimento de clientes e serviços.

O aporte é liderado pela Stripes e conta com a participação de outros quatro fundos que já haviam investido na rodada anterior, há apenas seis meses. Com a aposta dobrada, a Novo passa a ter um valor de mercado de $ 700 milhões, a poucos passos de se tornar mais um unicórnio da cena tech do Sul da Flórida. Ao todo, a empresa captou $ 135 milhões em sete rodadas desde a fundação, em 2016. 

A fintech oferece serviços bancários digitais e facilitados (abertura de conta em minutos, transações, empréstimos) com foco na comunidade de freelancers, micro e pequenos empreendedores e sem os “custos ocultos” que geralmente são cobrados pelas instituições financeiras tradicionais. “Estamos competindo contra os grandes bancos. Eles são os únicos que nos preocupam porque possuem 99% do mercado”, comentou Michael Rangel, CEO da Novo, em uma entrevista ao TechCrunch. 

Entre os objetivos traçados a partir do novo investimento, está o lançamento de novos produtos, especialmente na área de crédito, e a expansão dos 150 mil clientes. Em pouco mais de cinco de anos de atuação, a Novo já movimentou $ 5 bilhões em transações por meio de sua plataforma – $ 4 bilhões somente em 2021. “A pandemia foi um catalisador para nosso crescimento”, disse Rangel, cofundador da Novo ao lado do CTO Tyler McIntyre.

O carro-chefe dos próximos lançamentos é um modelo extremamente ágil e preciso para empréstimos, com base em um amplo conjunto de dados próprios que avalia as condições de operação (a saúde financeira) da empresa. Com isso, seria possível escalar a oferta de serviços e a perspectiva de crescimento.

“As mais de 30 milhões de pequenas empresas nos EUA sempre lutaram para ter acesso até a serviços financeiros básicos, pois são constantemente ignorados pelos grandes bancos”, declarou Saagar Kulkarni, sócio da Stripes. A diferença, avalia o investidor, é o fato da empresa ter construído uma plataforma bancária desde o início, em vez de ser um integrador de outros sistemas e plataformas. Com isso, “entrega não apenas uma experiência financeira, mas produtos a uma base de clientes que anseia por coisas novas”.

REFLEXOS DA PANDEMIA ATRAÍRAM INVESTIDORES

Na visão do CEO, o interesse de investidores na fintech desde que a pandemia eclodiu se deve pela necessidade cada vez maior de dar suporte digital às pequenas empresas na área de gestão e finanças. E não apenas nos Estados Unidos. Um dos maiores mercados do mundo, a Índia, se tornou estratégico para os planos de expansão da Novo. Além de clientes, a startup tem uma base de operações e de desenvolvimento e tecnologia na cidade de Gurgaon, próxima a Nova Delhi. “É uma das economias que mais cresce e é um mercado vital para nós”, reforça Rangel. 

A Novo nasceu em Nova York, onde ainda tem um escritório, mas agora é parte do emergente cenário de tecnologia do Sul da Flórida. O prefeito Francis Suarez já disse que a fintech “é uma das mais importantes histórias de sucesso do Movimento Miami” e que, “ao levantar mais de $ 130 milhões em seis meses, a Novo vai liderar o setor de fintechs da cidade e nos ajudará a ser uma ‘Capital do Capital’”.  

De fato, há uma nova visão sobre o potencial de uma empresa de tecnologia crescer e se estabelecer a partir do Sunny State. Em entrevista à Refresh Miami, o CEO foi direto: “anteriormente, se você dissesse aos investidores que estava sediado em Miami, seria um alerta de advertência para quem pensava em aportar capital na empresa. No nosso caso, o que os investidores disseram é que estavam animados para vir à cidade para as reuniões de diretoria”.