Chris Daney, futurista considerado o homem mais conectado do mundo, diz que já não faz mais sentido falar em separação entre digital e analógico, uma vez que nossas decisões hoje são tomadas em conjunto com a tecnologia
No futuro líquido que se configura de forma acelerada para toda a humanidade, a relação entre homens e máquinas está ficando cada vez mais fluida. Segundo o americano Chris Dancy, “já somos todos cyborgs e a realidade é que as pessoas se fundiram com a tecnologia”. Chris é considerado o homem mais conectado do mundo e a expressão viva de uma nova etapa evolutiva da humanidade, em direção à hiperconectividade.
Confira alguns insights de Dancy sobre os limites entre o físico e o digital e suas implicações:
1. Somos todos Cyborgs
As pessoas já se fundiram com a tecnologia. Não faz mais sentido falarmos em identidade digital e identidade analógica. As nossas identidades são uma só. É preciso entender que não há mais um mundo on-line e outro offline. Estamos online 100% do tempo. Nos últimos 20 anos, todas as nossas decisões já estão sendo tomadas em conjunto com a tecnologia, em uma relação de codependência.
“A tecnologia estará ao nosso redor, vai nos envolver, estaremos ainda mais misturados. É um movimento que nos mostra que todos nós somos robôs. E isso não é ruim”, Chris Dancy
2. A tecnologia é um novo território
Assim como ocupamos países e continentes, temos que pensar a tecnologia como uma nova terra. Nos próximos 10, 20 anos a aplicação da tecnologia não será mais restrita à devices e apps. Ela será uma extensão de nossas vidas e de nossas cidades. E, justamente por isso, é que estaremos voltados às habilidades mais antigas do ser humano. Temos um “big job” diante de nós: como focaremos em nós mesmos, e no mundo que desejamos.
3. Big Brother vs. Big Mother
Chris Dancy propõe um olhar diferente para o conceito de “big brother”, cunhado pelo escritor George Orwell no romance 1984. Em sua fala, aparece o conceito de “big mother” ao olharmos para a tecnologia e suas aplicações. Para o futurista, há uma linha tênue entre o que queremos fazer e o que deveríamos fazer. E a tecnologia pode nos ajudar a encontrar este equilíbrio. Exemplos disso são os apps e devices que monitoram a nossa saúde, nosso hábitos alimentares, nosso sono – até mesmo os nossos sonhos -, como é o caso do novo sistema operacional do Apple Watch, lançado em agosto de 2020.
4. O futuro da morte ou o pós-morte
Precisamos começar a pensar em quem controlará a nossa personalidade digital depois que morrermos. As tecnologias exponenciais aliadas às indústrias da saúde e bem-estar, com o uso de dados para predição de doenças, por exemplo, certamente irão provocar uma extensão da vida humana. No entanto,a morte não necessariamente será o fim da nossa existência. Chris Dancy usa como exemplo a figura de Michael Jackson, que para ele é o futuro. Apesar da morte do popstar ter ocorrido há mais de dez anos, ele se faz presente nos dias de hoje, seja como um holograma ou em versão 3D.
5. O fim das interfaces
Segundo o futurista Chris Dancy, em 2030 a ideia de olhar e interagir com uma tela nos parecerá louca. Isso porque, ele defende que não haverá mais interfaces em dez anos. Ou, ao menos, como hoje as conhecemos. As interfaces do futuro serão baseadas em comportamentos. Não veremos mais “app stores” e sim “habit stores”.
Texto: Juliana Destro e Luana Dalmolin