Pipe, fintech avaliada em mais de $ 2 bilhões, entra no mercado de mídia com aquisição de empresa de Londres. E a Kaseya (foto acima), amplia sede no distrito de Brickell para receber mais de 500 novos funcionários neste ano.
Quando o mercado de tecnologia e de startups em Miami começou a receber a atenção, e se tornar destino, de grandes empresas e profissonais do setor, os primeiros “unicórnios” já caminhavam pelas ruas da cidade. Uma delas, inclusive, trocou Los Angeles pelo sul da Flórida e foi avaliada em mais de $ 2 bilhões no período de apenas um ano. A Pipe, formada por três empreendedores em 2019, decolou de vez na Costa Leste, com seu modelo de “Nasdaq da recorrência” que permite a empresas que vendem software como serviço (SaaS) transformarem seus fluxos de receita em capital para crescimento.
Outra que se tornou referência local foi a Kaseya, que desenvolve softwares para gerenciamento de TI e se tornou um “unicórnio” ao receber um aporte de $ 500 milhões em 2019, quando já tinha 15 anos de atuação no mercado. E olhando para os movimentos recentes de expansão destas duas empresas, pode-se esperar mais barulho ao redor do ecossistema de tecnologia de Miami neste ano.
A Pipe anunciou, em fevereiro passado, a aquisição da Purely Capital, empresa que ajuda a financiar o setor de mídia e entretenimento, com sede em Londres. O objetivo é abrir uma nova vertical de negócios em um setor que demanda muito capital para investimento. “Foram gastos US$220 bilhões em conteúdo streaming em 2020, e US$250 bilhões em 2021”, disse o co-fundador e co-CEO Harry Hurst ao site TechCrunch. Segundo ele, 65% deste total é investido por produtoras independentes – contra 35% dos grandes estúdios cinematográficos. “Esta é uma vertical que é incrivelmente interessante para nós e uma oportunidade gigantesca para nós”.
Foi o isolamento da pandemia – e o contato de amigos em comum e de um dos investidores da Pipe – que aproximou Hurst do CEO da Purely Capital, Wayne Marc Godfrey, que detalhou a dificuldade destes estúdios menores para captar recursos sem precisar esperar por projetos das grandes plataformas. “Sem o dinheiro de Amazon, Disney, Hulu e Netflix, os independentes esperam de três a cinco anos para recuperar o que investiram e seguir para outros projetos”, comentou Hurst.
Por meio da Purely Capital, foram financiados mais de 250 projetos, que representaram receitas de $ 45 milhões. Há dois anos, a empresa – que a partir de agora chama-se Pipe Entretenimento – havia captado cerca de $ 150 milhões de uma série de investidores institucionais e bancos. O valor da aquisição, porém, não foi revelado.
KASEYA TRIPLICA A SEDE EM BRICKELL
Enquanto a Pipe expande em mercado e portfólio, a Kaseya centra esforços no crescimento físico, com uma nova sede em Miami onde espera receber mais de 500 colaboradores nos próximos meses. Há algumas semanas, o CEO Fred Voccola anunciou no LInkedIn que a empresa estava triplicando a sede em Brickell, centro financeiro da cidade e que foi apelidada de ‘Manhattan do Sul’. “Como uma empresa global com sede em Miami, estamos comprometidos com o crescimento do talento tecnológico local. Este novo espaço de vanguarda acomodará nossa força de trabalho em expansão e solidificará nossa presença no distrito”, escreveu na rede social.
No novo endereço (Brickell, 777), a Kaseya vai ocupar três andares, em uma área total de 6 mil metros quadrados. Contando com outro espaço em um prédio vizinho, a empresa terá à disposição quase 10 mil metros quadrados para atender à nova demanda de pessoal. Com cerca de 37 mil clientes diretos, e mais de um milhão de usuários, a Kaseya é líder mundial de provedores de serviços gerenciados (MSPs) para pequenas e médias empresas.
No ano passado a receita cresceu 25%, de acordo com informações do South Florida Business Journal. Foi também um período turbulento, em função de um ciberataque identificado em julho e que comprometeu as operações de cerca de 1.000 dos usuários ao longo de quase uma semana, calculou à época o CEO. Por outro lado, a Kaseya segue com um projeto de abrir capital na Bolsa, o qual já trabalha há um ano e meio.
Mesmo com operações em países como Austrália (Sydney), Irlanda (Dublin) e Polônia (Cracóvia), a estratégia de expansão está ancorada a partir de Miami, cada vez mais relevante no mercado de tecnologia dos Estados Unidos. “Felizmente para a cidade, o mundo inteiro está agora ciente de nossa pequena jóia escondida, mas tudo isso é bom”, disse Voccola ao Refresh Miami, “é a nossa comunidade de origem e desenvolvemos muito de nosso próprio talento”.
Fotos: Kaseya; Kevin Choi (Unsplash)