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Além de EUA e América Latina: como a Miami tech está atraindo empresas da Europa

No mercado de fintechs e cripto, cidade já é considerada um polo global, afirma CEO da britânica Paysend, uma das empresas digitais que chegam ao distrito financeiro de Brickell (foto) neste início de ano.

 

Os holofotes que Miami tem recebido nos últimos dois anos – com a migração de profissionais, investidores e empresas de outros polos de tecnologia do país – colocaram a região em um radar de negócios além de sua tradicionais áreas de influência, como EUA e a América Latina. 

No mercado de fintechs e criptomoedas, Miami já é considerada um polo global, opina Abdul Abdulkerimov, CEO da Paysend. A empresa, com sede em Londres, desenvolve uma plataforma de transações financeiras digitais entre países (cross-border) com mais de 6,5 milhões de usuários e atuação em 150 países – e escolheu Miami para ser a base das operações para os mercados dos EUA, Canadá, Caribe e América Central. 

“Vemos Miami como um local estrategicamente importante para a Paysend, portanto, abrir nossa sede das Américas foi um passo lógico para aproveitarmos o ecossistema empresarial e a reserva de talentos dominante que estão se desenvolvendo na região”, disse o empreendedor ao Fintech & Finance News

A notícia veio em um mês marcado por dezenas de eventos de inovação e negócios no Sul da Flórida, que incluem conferências de alcance global como o Miami NFT Week, a Bitcoin 2022 e o eMerge Americas, entre outros, que compõem o “Miami Tech Month” e devem movimentar dezenas de milhares de participantes.  

A Paysend, que engrossa a lista de empresas tech sediadas no distrito financeiro de Brickell, cresceu 14.498% nos últimos quatro anos – é uma das fintechs que mais expandiu no mundo. Recentemente, entrou no mercado sul-americano a partir de uma parceria com Visa Direct, Mastercard Direct e MOVii, principal carteira digital em operação na Colômbia. 

 “Os EUA e a América Latina são os maiores mercados de remessas do mundo e a capacidade de construir redes e relacionamentos tanto na América do Norte quanto na América do Sul é crucial. A abertura de nossa sede em Miami nos ajudará a nos aproximar de nossos parceiros e clientes, e tornar as transferências de dinheiro digital mais acessíveis”, resume Jairo Riveros, diretor Geral e de Estratégia da unidade norte-americana.

 

A INVASÃO ALEMÃ

Empresas da maior economia do bloco europeu também já apontaram Miami como rota para expansão de seus negócios nas Américas. Uma das novatas no Sul da Flórida é a Grover, uma startup que desenvolve uma plataforma de assinatura on-line destinada ao aluguel de produtos tecnológicos. 

Com sede em Berlim, é um peso-pesado no setor de venture capital que captou mais de $ 2 bilhões em 16 rodadas de investimento. A mais recente delas, no início de abril deste ano, somou $ 330 milhões entre um round Série C ($ 110 milhões) e financiamento de dívida ($ 220 milhões) – o que a coloca no patamar de uma startup unicórnio. Também com sede em Brickell, a Grover pretende contratar mais de 100 pessoas para a operação nos EUA ao longo do ano.  

O volume de capital levantado pela empresa é uma resposta às preocupações ambientais com a produção e destinação de lixo eletrônico e também uma opção financeiramente acessível para uso de computadores, smartphones e tablets: a maior parte dos produtos tem assinaturas mensais que variam entre $ 10 e $ 50. 

A plataforma de conectividade para Internet das Coisas 1NCE, anunciou em janeiro que escolheu Miami para sua sede nos EUA, que pode abrigar até 150 funcionários. As outras candidatas eram Nova York, São Francisco e Seattle. A ela, vai se juntar a compatriota everphone que, assim como a Grover, atua no setor de “phone as a service”. Uma das razões que motivaram a decisão é a concentração de talentos, investidores e outras empresas em expansão, afirmou a empresa em comunicado. 

E há mais investimentos germânicos às portas da cidade. JD Mersinger, diretor de vendas da AnyDesk, sediada em Stuttgart, confirmou nesta semana a inauguração de nova base de operações para o mercado latino-americano em Miami até o final de 2022, em entrevista ao Refresh Miami.  

Fundada em 2014, a empresa desenvolve uma plataforma de software para trabalho remoto em desktops, laptops, smartphones e outros aparelhos – a tecnologia proprietária acelera a transmissão, usando menos largura de banda. Na visão de Mersinger, o modelo “funciona muito bem em países como na América Latina, que têm largura de banda limitada”.

Sua presença global – e mais de 200 funcionários em escritórios em Xangai, Hong Kong, Tblisi (Geórgia), além da unidade provisoriamente instalada na área de Clearwater-Tampa – é um atrativo para investidores como o fundo General Atlantic, que liderou o aporte série C de $ 70 milhões em novembro passado. O app já teve mais de 500 milhões de downloads e a perspectiva dos novos sócios é crescer ainda mais rápido com a consolidação do home office e do anywhere office

FotosBlake Connally (Unsplash), Grover

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