Startup cofundada pelo argentino Facundo Martin Diaz monta base de operações no Sul da Flórida – e já vendeu um bilhete colecionável por $ 1 milhão em um leilão
Na esteira das possibilidade que as criptomoedas e a tecnologia blockchain abrem para modelos de negócio inovadores, uma das mais recentes apostas está no mercado de viagens aéreas. Mais especificamente, a transformação de passagens em tokens não fungíveis (NFTs) – que hoje brilham em segmentos como artes, música e demais produções culturais.
Quem está abrindo caminho neste mercado é uma startup argentina fundada há menos de um ano, a TravelX, que está desenvolvendo o primeiro protocolo de distribuição baseado em blockchain para a indústria de viagens. Em março passado, a empresa recebeu de cinco investidores uma rodada seed de $ 10 milhões para acelerar o desenvolvimento da tecnologia – e a cidade escolhida para ser a base de operação foi Miami, o novo hot spot das moedas digitais e das NFTs nos EUA.
Na visão do cofundador Facundo Martin Diaz, a principal vantagem dos NFTickets, como a empresa batizou, é a facilidade para os vajantes transferir ou revender bilhetes de maneira facilitada e sem tanta burocracia. “Estamos trazendo mais liberdade, transparência e oportunidades aos compradores de bilhetes por causa de como eles podem comprar, revender, leiloar ou negociar esses bilhetes de maneira mais simples”, explicou Diaz ao Refresh Miami. A pandemia, lembra o empreendedor, causou um forte abalo na indústria de viagens em todo o mundo, o que demanda novas soluções e tecnologias capazes de aquecer o mercado.
Imagine, por exemplo, vender uma passagem aérea entre Madrid e Miami no valor de $ 1 milhão? Foi o que arrecadou um leilão realizado em parceria com a espanhola Air Europa no qual foi negociado um bilhete que será também um item de colecionador, com obra digital, um NFT, do artista porto-riquenho radicado em Miami Carlos Betancourt.
O ticket dá direito também a uma viagem em classe executiva e o cartão de embarque pode ser utilizado para experiências durante a Semana de Arte em Miami, que acontece em dezembro. Outros nove NFTickets, igualmente assinados por Betancourt, serão lançados nos próximos meses. “Com esta peça, estamos experimentando os limites da arte e da tecnologia”, define o artista.
Para convencer as empresas aéreas a embarcarem nesta “prova de conceito”, como os empreendedores definem o momento de apresentação da solução ao mercado, a TravelX sugere que lucros residuais da venda dos NFTickets sejam direcionadas às companhias – que teriam uma fonte adicional de recursos além da redução de custos com a simplificação do processo de compra e do gerenciamento de bilhetes após a venda.
A equipe da startup ainda é enxuta, mas conta com experientes profissionais tanto do setor de tecnologia quanto da indústria de viagens e do mercado de venture capital para conectar a solução às oportunidades da Web3.
MIAMI: PRINCIPAL DESTINO INTERNACIONAL AOS EUA
Além do ambiente favorável à inovação e tecnologia, há outro fator estratégico importante para este mercado: o Aeroporto Internacional de Miami (MIA) tornou-se em 2021 o nono mais movimentado do mundo e o principal acesso de passageiros internacionais aos EUA, de acordo com ranking recentemente publicado pelo Airports Council International (ACI). Com um total de 387.973 decolagens e aterrissagens por aeronaves de passageiros e de carga em 2021, o MIA teve um aumento de 54% em relação a 2020 – a maior expansão entre os 10 aeroportos mais movimentados do mundo.
“Pensamos que nosso principal desafio seria como deixar a indústria de viagens entender o benefício, mas felizmente eles o entendem claramente e o estão abraçando, o que é ótimo para nós”, comentou Diaz, um empreendedor serial que faz parte da rede global Endeavor e já criou negócios em setores dos mais diversos – de inteligência artificial, biotecnologia e, agora, blockchain e NFTs.
Natural da Argentina, ele já foi reconhecido como um dos principais mentores de startups dos EUA (pela revista Mashable, em 2016) e hoje engrossa a lista de empreendedores de tecnologia que trocaram a Costa Oeste pela Leste. “Vivi em Los Angeles nos últimos sete anos e o ecossistema lá é ótimo”, disse Diaz, “mas sentimos que no momento Miami é o lugar certo”.