O Sunshine State tem uma das menores taxas de desemprego dos EUA – só nas regiões de Miami, Orlando e Tampa foram criados mais de 200 mil postos de trabalho em 2022. Setores de lazer e entretenimento lideram a expansão.
Dois anos após o impacto da Covid-19, a taxa de desemprego nos EUA e na Flórida – que chegou a bater em 14% da população economicamente ativa nos primeiros meses de 2020 – voltou aos níveis pré-pandemia em julho de 2022. Dados do U.S. Department of Labor mostram que, no mês passado, o volume de desempregados no país chegou a 3,5% – na Flórida, que apresentou um dos melhores resultados entre todos os estados, a taxa é de 2,9%.
Com isso, o estado recuperou todo o volume de empregos perdidos durante o auge da pandemia (1,28 milhão entre fevereiro e abril de 2020) e gerou um saldo positivo desde então, quando foram criados outras 1,6 milhão de vagas de trabalho. Somente em 2022, a Flórida gerou 437,8 mil empregos, um crescimento de 4,9% – estima-se que 283 mil floridianos, de uma força total de trabalho de 10,6 milhões, estão sem ocupação formal.
Lideram a geração de empregos os setores de lazer e hospitalidade (102,5 mil vagas, aumento de 8,9%) e comércio, transporte e serviços públicos (95,9 mil, +5,2%). Os dados estão no balanço mensal divulgado pelo Florida Department of Economic Opportunity.
As três regiões da Flórida que registraram o melhor resultado ao longo do ano correspondem a mais de 200 mil empregos gerados: Miami-Miami Beach-Kendall (+80 mil, aumento de 6,8%), Orlando-Kissimmee-Sanford (+66 mil, 5,2% de crescimento) e Tampa-St. Petersburg-Clearwater (+64 mil, expansão de 4,7%).
Com este cenário, empresas locais – e até mesmo as companhias especializadas em headhunting – já enfrentam dificuldades para selecionar e contratar profissionais. O setor mais impactado pela falta de mão de obra é a indústria de entretenimento e hospitalidade – justamente o que apresentou a maior expansão em 2022, com a retomada de viagens e voos internacionais.
Em áreas executivas, a maior procura é por profissionais de finanças e contabilidade. “Há muita demanda dos clientes por pessoas altamente qualificadas. Se você tem experiência em contabilidade ou financiamento, você está em alta demanda”, disse Chad Leibundguth, diretor distrital da Robert Half, que tem escritórios em Brickell e Blue Lagoon, em entrevista ao Miami Today News.
CHEGADA DE EMPRESAS TECH AMPLIA DEMANDA POR VAGAS QUALIFICADAS
A atração de empresas de tecnologia, especialmente no Sul da Flórida, nos últimos anos tem reflexos diretos nesta demanda por profissionais – em especial para atuar em marketing digital. “A maioria desses empregos é difícil de preencher, especialmente porque as organizações estão se concentrando em talentos diferenciados que podem trazer uma área de sofisticação. O principal desafio no preenchimento de cargos é a desconexão entre a oferta e a demanda de talentos”, comenta Pablo Golfari, líder do setor de mercado da Korn Ferry, especializada em contratações e que tem operação em Miami.
Nem mesmo a onda de demissões em startups ao longo dos últimos meses impactou a demanda por profissionais na região. Enquanto os maiores ecossistemas de TI nos EUA – especialmente o Vale do Silício, NY e Boston – foram os mais afetados, apenas quatro empresas de tecnologia com base em Miami figuraram na lista de principais layoffs neste período (os unicórnios Reef e Papa, além de Picsart e Healthcare.com).
Passado o período mais crítico de demissões no setor tech, a tendência é que nos próximos anos este seja um mercado chave para a criação de postos de trabalho qualificados no Sul da Flórida. Para Maria Hernandez, ex-chefe de Inovação da IBM na América Latina e que foi recentemente convidada para assumir o cargo de Estrategista de Inovação de Boca Raton, a região pode se aproveitar de um fenômeno semelhante ao do Vale do Silício: o fato de ter uma diversificada rede de empreendedores e negócios por três condados.
Para ter uma dimensão do potencial da região, ela está reunindo dados sobre as empresas locais e os investimentos recentes em venture capital, para criar um mapa do ecossistema e assim atrair novos negócios. “Nosso objetivo é aumentar o crescimento de empregos tecnológicos – atraindo investidores e empresas que queiram trabalhar, viver e se divertir dentro da cidade. Como a maioria dos ecossistemas, estamos procurando atrair mais fontes de financiamento de capital de risco para nossas startups. Isso, juntamente com o talento, são dois dos principais desafios que ouvimos das startups locais”, resume.