Pesquisa recente mostra que Sul da Flórida tem maior número de imóveis disponíveis no Airbnb – potencial turístico atrai novos empreendimentos e desenvolvimento de startups para este mercado. Foto: Eric Ellis (Unsplash)
A Flórida foi o estado que mais cresceu em população nos EUA em 2022. Report anual do ISG World, que monitora o desenvolvimento do mercado imobiliário residencial na região, mostrou que o Sunshine State recebeu, diariamente, 1.217 novos moradores por dia no ano passado – em segundo lugar está o Texas, com 1.108 novos residentes diários.
Boa parte dessa migração tem sido para a região de Miami-Fort Lauderdale, considerada em reportagem do Financial Times (e publicada em março passado) uma das três cidades globais que mais estão se desenvolvendo, ao lado de Dubai e Singapura. “Essas cidades globais estão entre as mais atraentes para os migrantes milionários – e constituem os três principais mercados de imóveis de luxo onde se espera que os preços aumentem mais rapidamente este ano”, definiu a reportagem.
Outro dado impressionante é que, em 2022, a Flórida ultrapassou Nova York em volume de empregos gerados: são 9,563 milhões de pessoas ocupadas ao sul da Costa Leste – 9 mil a mais do que o Empire State, de acordo com o U.S. Bureau of Labor Statistics.
O grande fluxo de turistas, novos moradores, trabalhadores e investidores para a região de Miami traz um impacto direto ao mercado imobiliário – e não estamos falando apenas da construção de novos condomínios e espaços comerciais. Em aspectos da Nova Economia, como a tendência cada vez maior de ofertas de alugueis de curto prazo e até mesmo o uso de criptomoedas para aquisição de imóveis e seguro hipotecário, Miami também vem ganhando manchetes.
Em pesquisa divulgada no início de março pela Câmara de Comércio, a cidade é a líder nos EUA em volume de ofertas de imóveis para locação de curto prazo no Airbnb – são 6,9 mil apartamentos e casas disponíveis para quem vem passear no Sul da Flórida por alguns dias ou semanas ou mesmo morar por alguns anos sem a necessidade de comprar um imóvel. A segunda cidade da lista – Scottsdale, no Arizona – tem a metade do total de ofertas na plataforma. E mesmo com a alta demanda, Miami ocupa apenas o 10o. lugar entre a média de alugueis alugueis mais caros do país ($290 a diária). Outras cidades da Flórida se destacam no ranking do AirBnb, com St. Petersburg e Orlando ocupando respectivamente a terceira e a quarta colocação nacional.
INVESTIDORES IMOBILIÁRIOS E TECNOLOGIA SE ENCONTRAM NO SUL DA FLÓRIDA
O modelo de condomínios criados especificamente para aluguel de curto prazo tem sido, nos últimos anos, em parte responsáveis pelo crescimento do mercado imobiliário – estima-se que há cerca de 4 mil unidades com este fim em construção na região. Na visão de Jon Paul Pérez, presidente do Related Group, incorporadora de condomínios com sede em Miami, tudo começou em função da facilidade e acessibilidade econômica. “Este perfil de imóvel tem menos restrições para aluguéis para ajudar a compensar seus custos de manutenção ou gerar mais retorno para os investidores”, comenta, ao citar ao South Florida Business que alguns projetos de condomínios de curto prazo foram vendidos meses antes mesmo de serem iniciados.
O perfil dos compradores de imóveis na região (Miami-Dade, Broward e Palm Beach) mudou em uma década: em 2012, quase a metade dos clientes vinham da América Latina, enquanto apenas 21% eram moradores dos EUA. Em 2022, a relação se inverteu e atualmente 49% dos compradores são norte-americanos, aponta o report do ISG World.
Com o mercado aquecido, chegam os serviços inovadores desenvolvidos por startups locais ou que vieram de outros países para aproveitar o timing. “Tínhamos uma América inteira para escolher e optamos por Miami”, afirmou o CEO e cofundador da Giraffe 360, Mikus Opelts, em entrevista ao Refresh Miami no final de 2022, quando a proptech anunciou a instalação da sede norte-americana na cidade. Fundada há sete anos em Riga (Letônia) e com escritório em Londres, a Giraffe agrega inovações ao mercado imobiliário, ao desenvolver uma câmera de alta tecnologia para corretores que cria fotografias digitais de alta qualidade, plantas baixas em 3D e tours virtuais, reduzindo custos e agilizando o processo de locação e venda de imóveis. Logo que chegou ao Sul da Flórida, a startups anunciou um novo round de investimentos, no total de $16 milhões, liderado pelo Founders Fund.
Até o mercado cripto, que passou por uma crise de desconfiança no último ano com a queda brusca de valorização de algumas moedas digitais, está no radar do mercado imobiliário. Na última edição da conferência Bitcoin, que aconteceu em maio em Miami, a startup Moon Morgage apresentou em primeira mão uma plataforma que permitirá o financiamento de crédito para mercado imobiliário por meio de criptomoedas (Bitcoin, Ethereum e USDC). O serviço será lançado nos próximos meses e um dos mercados-alvo é justamente a região de Miami. “É uma necessidade óbvia criar novas opções de serviço para os investidores em crypto em outros mercados”, explicou o CEO Aaron Nevin.