Do oceano às passarelas: SeaSweepers, de Miami, transforma a poluição plástica em roupas sustentáveis

Empresa – que lançou uma coleção exclusiva em evento de moda neste ano – quer financiar o primeiro centro de reciclagem de plásticos marinhos dos EUA, afirmam os fundadores. 

Na passarela do Miami Swim Week, em julho deste ano, um desfile com pegada sustentável chamou a atenção do público: uma coleção de trajes de banho produzida a partir de materiais retirados do oceano, como plástico e as redes de pesca “fantasma”. A iniciativa veio de uma empresa do Sul da Flórida que está desenvolvendo tecnologia para rastrear o lixo marinho e transformá-lo em soluções ambientais de alto valor agregado e produto de consumo sustentáveis.

A Sea Sweepers, dirigida pelo CEO e fundador Naveen Sydney, e pela COO e cofundadora Taryn Larock, surgiu com a missão de criar um novo ecossistema comercial baseado na remoção de plásticos dos oceanos por meio de uma plataforma blockchain (utilizada para verificar a autenticidade dos produtos reciclados) e, ao lado de empresas parceiras interessadas no desenvolvimento de produtos, “reimaginar a cadeia de abastecimento”, especialmente na área de roupas esportivas e trajes de banho. 

A edição limitada que foi apresentada no Swim Week – que incui bermudas masculinas, biquinis, maiôs, roupas de proteção solar e uma pulseira “inquebrável” – teve sold out em poucas semanas no site da empresa. Todos os lucros da venda serão usados para ajudar a financiar a meta da empresa de construir o primeiro centro de reciclagem de plásticos marinhos da América do Norte. 

A coleção, concebida em colaboração com a marca sustentável de luxo Sage Larock Swimwear, utiliza corantes de baixo impacto e dispensa mais de 100 produtos químicos tóxicos que são comumente encontrados no poliéster. “O nosso objetivo é sensibilizar para os perigos das redes fantasma e da poluição por plásticos e fornecer uma solução para continuar a reciclá-los em algo novo e útil”, explica o CEO Naveen Sydney. 

As peças femininas tem valores entre $45 e $79, enquanto as masculinas custavam em média $60, além da pulseira ($15) feita totalmente com as linhas das redes recuperadas dos oceanos.

A fábrica de reciclados que é uma das metas da empresa deve ser instalada até o final do ano que vem no Sul da Flórida e a ideia é usar tecnologia de ponta para outras linhas de produto, como mobiliário, decoração e até mesmo materiais de construção sustentáveis. Toda a produção será rastreada, comentou o CEO em entrevista à Refresh Miami. “Teremos um blockchain público, de código aberto, de modo que as agências sustentáveis poderão registrar seus produtos e os governos poderão ter nós. Quando tudo for registrado na plataforma, será impossível manipular esses dados”.

A CADA MINUTO, UM CAMINHÃO DE PLÁSTICO É JOGADO NO MAR

De acordo com a ONU, a cada minuto um caminhão de lixo de plástico é despejado nos oceanos – além disso, cerca de 75% do total de plástico produzido no planeta entre 1950 e 2017 (9,2 bilhões de toneladas) se tornaram resíduos despejados no mar ou em aterros sanitários. Além do plástico, há a questão das redes de pesca abandonadas que parecem “invisíveis” (por isso são chamadas de “fantasmas”), que somam 640 mil toneladas jogadas ao mar todos os anos e que acabam matando diversas espécies marinhas.

A cofundadora Taryn Larock, que atua há mais de 15 anos no setor de conservação da vida vida marinha e selvagem, acredita que a proposta da empresa trará um impacto significativo no meio ambiente. “Além disso, acreditamos que podemos dar um contributo muito importante para o mercado B2B de plástico reciclado, que será crucial para o futuro da conservação a longo prazo e para uma economia global sustentável”, afirma. 

Atualmente, a Sea Sweepers tem cinco funcionários em tempo integral, e calcula uma receita de $20 milhões nos dois primeiros anos de atuação com a fábrica. A empresa espera também criar um marketplace em que empresas eticamente corretas possam vender seus produtos e emitir créditos de carbono.