Crypto é o passado? Tecnologia segue como oportunidade de negócios no Sul da Flórida

Mercado de criptomoedas e NFTs pode ter saído do radar de investidores nos últimos tempos, mas empreendedores de Miami apostam na relevância do setor – e na valorização no longo prazo. / Foto: Art Rachen (Unsplash)

2023, sem dúvida, foi o ano da inteligência artificial. O avanço da IA generativa, cada vez mais refinada na produção de imagens, textos e até mesmo na linguagem de programação, ganhou os holofotes no último ano e tem monopolizado a atenção de usuários comuns, de grandes empresas e, claro, investidores.

Não há dúvidas que, para o ano que inicia, esta deve se manter como a tendência dominante de desenvolvimento no ecossistema de tecnologia do Sul da Flórida. Mas e quanto aos negócios destinados à web3, blockchain e criptomoedas, que tanto chamaram a atenção para a Miami Tech nos últimos anos? Será este um mercado a ser desconsiderado por investidores e empreendedores da região?  Não é o que argumentam os players deste mercado. 

“O ecossistema crypto e de blockchain se mantém forte em Miami. Embora a especulação tenha desaparecido, os verdadeiros desenvolvedores da cidade continuam a estabelecer a base que desbloqueará valor para consumidores e empresas no próximo mercado de criptografia, que é amplamente esperado para 2024” afirmou Lin Dai, cofundador e CEO da plataforma NFT OneOf, sediada em Miami, durante um encontro sobre o mercado cripto no final do ano passado na cidade. Em 2021, no boom das moedas digitais e dos NFTs, a OneOf captou uma rodada de investimento de $63 milhões para o desenvolvimento de produtos para o mercado corporativo, de finanças à música. “Nosso trabalho com clientes como Mastercard, American Express e Warner Music Group está ganhando impulso discretamente, mesmo no ‘inverno criptográfico'”, concluiu.

Outra empreendedora da área mostra otimismo para o ano: “sabemos que o Bitcoin é imparável e a regulamentação governamental não pode mais detê-lo”, disse Natalia Karayaneva, CEO da plataforma de transações imobiliárias digitais Propy, que vem crescendo a uma taxa de 20% mês a mês. Ao longo de 2023, ela lembra, o Bitcoin mais do que dobrou sua valorização, enquanto a Ethereum teve alta superior a 50%. 

NOVOS MOVIMENTOS AQUECEM MERCADO CRIPTO

Ainda que leve um tempo para que o mercado cripto e a web3 voltem a ter a relevância dos últimos dois anos em Miami, a evolução de empresas locais mostra que a região deve manter sua relevância no desenvolvimento de tecnologias e produtos. 

Em novembro passado, a mineradora de ativos digitais US Bitcoin Corp (USBTC) anunciou a fusão com a Hut 8 Mining Corp. (Nasdaq: HUT), uma das maiores da América do Norte. “Estou incrivelmente orgulhoso do que realizamos na US Bitcoin Corp. e igualmente entusiasmado com nosso futuro com a Hut 8. Nossos acionistas viram o imenso valor e potencial dessa fusão”, disse Asher Genoot, cofundador da US Bitcoin Corp, que mora em Miami e agora preside a companhia. A meta, como ele escreveu no LinkedIn, é “criar uma empresa líder de mineração de ativos digitais sustentável, diversificada e reconhecida mundialmente”. 

Outra startup da Magic City que segue em expansão é a OnChain Studios, criadora dos brinquedos digitais colecionáveis Cryptoys. Duas gigantes do entretenimento – Mattel e Disney – já são parceiras da empresa de Miami, que criou NFTs para personagens das séries Star Wars e Mestres do Universo. Em novembro passado, os Cryptoys chegaram a um novo e promissor mercado, o Japão, por meio de parceria com a Animoca Brand, o que pode representar um salto internacional para a OnChain. 

“O que importa é que o talento esteja na Flórida e permaneça na Flórida. As empresas podem falir, mas os indivíduos ficarão e construirão a próxima onda”, disse à Refresh Miami o sócio da Florida Funders, ​​Saxon Baum. Ainda que ele esteja receoso sobre o futuro do mercado cripto como investidor, ele acredita que “o blockchain será a tecnologia do futuro, quando houver adoção em massa” – status que a IA conquistou em 2023.