A Flórida se consolidou como o segundo mercado imobiliário mais valioso dos EUA em 2023 – e novos projetos tendem a aumentar o interesse pela região nos próximos anos. / Foto: Alejandro Luengo (Unsplash)
O mercado imobiliário dos EUA enfrentou grandes desafios nos últimos dois anos devido às altas taxas de juros, resultado dos esforços do Federal Reserve para conter a inflação, que ultrapassou a marca de 7% no final de 2022. Esse ambiente de altas taxas de juros levou a uma recessão, afetando diversos segmentos do mercado imobiliário.
Contudo, o Sul da Flórida segue em uma situação bem mais confortável que a média do país, principalmente em função da onda de empresas que migraram para a região desde a pandemia, além do interesse cada vez maior de investidores e pessoas de alto poder aquisitivo em adquirir imóveis de luxo. Especialmente entre os latinoamericanos: em 2023, colombianos, argentinos e brasileiros representaram 36% do total de imóveis residenciais comercializados para estrangeiros no condado de Miami-Dade.
Com isso, a Flórida se tornou o segundo mercado imobiliário mais valioso dos EUA no ano passado, deixando para trás cidades como Nova York. De acordo com estudo recente da Bloomberg, a participação do valor do mercado imobiliário da Flórida é de $ 3,846 bilhões, em comparação com os US$ 3,690 bilhões de Nova York.
Uma pesquisa do Prestige Realty Group apontou que 2023 a região de Miami-Dade teve uma redução de 2,8% no estoque de imóveis em comparação com o ano anterior. A escassez contribuiu significativamente para o aumento dos preços: em 2008, o preço médio de uma residência unifamiliares era de $235 mil, enquanto em 2023 esse valor chegou a $600 mil. O aumento das taxas de juro de curto prazo, avaliam especialistas, causaram atrasos em vários projetos imobiliários na maioria dos mercados e agravaram a escassez de moradias.
Na avaliação do Prestige Group, “a menos que ocorram eventos globais imprevistos, o mercado do Sul da Flórida está preparado para uma forte corrida nos próximos cinco a oito anos”. Para 2024 especificamente, a trajetória é de crescimento, especialmente em áreas como Edgewater, Surfside, Bal Harbour, Coral Gables e Coconut Grove. Em função disso, a consultoria sugere aos potenciais clientes que “não adiem suas decisões de compra”.
O chefe de investimentos do Empira Group nos EUA, Rafael Aregger, reforça essa tendência, somada pela possibilidade de queda gradual na taxa de juros e de financiamento, o que deve reduzir o custo das construções no país. “Haverá uma janela de oportunidades para as incorporadoras em 2024”, comenta o executivo da empresa que está construindo uma série de empreendimentos habitacionais em Miami.
NOVA LEVA DE ESCRITÓRIOS NA REGIÃO EM 2024
Um dos principais projetos imobiliários corporativos da região, o edifício 830 Brickell Trophy, deve ser inaugurado ao longo deste ano, após quase três anos do lançamento. Com 55 andares, o prédio é um símbolo da nova leva de grandes empresas que decidiram abrir escritórios em Miami, como a Microsoft e algumas das mais importantes firmas de investimentos como Citadel, Rothschild & Co. e Thomas Bravo.
No mercado corporativo, a média de vacância no terceiro trimestre de 2023 no condado de Miami-Dade foi de 9,6%, menos da metade da média nacional, que foi de 19,2% no período, de acordo com a Colliers International, líder global em serviços imobiliários. Na opinião de Kevin Gonzalez, vice-presidente sênior da Colliers no sul da Flórida, os aluguéis de escritórios provavelmente crescerão em 2024, uma vez que os locatários que não conseguem encontrar espaço em áreas tradicionais como Brickell e Coconut Grove estão procurando áreas como Downtown Miami, Coral Gables e no Miami Freedom Park.
Um estudo de tendências do setor publicado em dezembro pela Blackbook Properties resume assim o sentimento do mercado local: “esperamos que essa tendência continue à medida que Miami recebe mais empresas de alto valor que continuam a posicioná-la como um local muito procurado por jovens profissionais e executivos ricos do país”.