“Nosso desafio é conversar com muitas pessoas e levar a tecnologia para onde elas quiserem”, afirmou Peter Deng, VP da OpenAI, em painel no South By Southwest
por Denize Bacoccina, head de Conteúdo Editorial do Experience Club Brasil, direto do SXSW2024
Com a maior sala do Centro de Convenções de Austin lotada, Peter Deng, VP de produtos de consumo e head da área da OpenAI que desenvolveu o ChatGPT, evitou responder diretamente a algumas questões e traçou um cenário bem otimista em uma sessão do SXSW para o futuro da ferramenta desenvolvida pelo time que ele lidera.
Entrevistado por Josh Constine, ex-editor da Trech Crunch e sócio do fundo de VC SignalFire, Deng disse que a Inteligência Artificial não vai substituir pessoas, mas acelerar o aprendizado e servir como um equalizador entre os profissionais, funcionando como um professor incansável que vai aumentar a produtividade de quem souber usar a ferramenta. “Eu nunca vi em toda a minha vida uma tecnologia tão poderosa”, afirmou.
“Eu acho que vai ser muito benéfico para a humanidade se nós conseguimos acertar. E eu não quero estragar”, afirmou. Como dizia o título do painel – “A coevolução da IA e da humanidade” – o chefe do ChatGPT colocou a responsabilidade sobre os valores que serão incorporados à IA na própria sociedade. “Não são os meus valores que quero implementar, mas os valores da sociedade. Nosso desafio é conversar com muitas pessoas e levar a tecnologia para onde elas quiserem. Há tantas culturas diferentes no mundo. A IA se torna um acelerador do que é a sua visão.”
O problema é que a visão atual é permeada por preconceitos e vieses de confirmação. Uma ferramenta que alimenta o futuro bebendo das informações já disponíveis pode perpetuar esses vieses, como vemos em algumas imagens geradas por ferramentas de outra empresas do setor, como Google.
Questionado sobre a necessidade de se informar se determinado texto ou imagem foi produzido com o uso de ferramentas de IA, Deng disse considerar que, no curto prazo sim, especialmente neste momento eleitoral (nos Estados Unidos). Mas que, a longo prazo, não será necessário, porque o uso será tão banal quanto as ferramentas usadas hoje para corrigir a grafia das palavras, como o Grammarly. “No futuro não sei se as pessoas vão se importar com isso, mas se quiserem saber será possível ter essa informação”, afirmou.
No debate sobre aceleração e desaceleração do uso das tecnologias, Deng disse que está no meio. “Queremos desenvolver muito rápido, mas lançar no mercado com cautela, em uma velocidade responsável.”
Deng foi aplaudido quando disse que a versão básica do ChatGPT deve continuar sendo gratuita, e que novos recursos devem ser incorporados. “Um dos nossos objetivos é distribuir tecnologia para a humanidade.” Colocando o conceito à prova, quando questionado se artistas deveriam ser recompensados pelo uso de suas obras como base para trabalhos produzidos por IA, não respondeu diretamente. Disse que as pessoas deveriam responder. Algumas pessoas se manifestaram dizendo que sim na plateia. Mas quando Constine pediu que os que concordavam levantassem a mão, apenas uma pequena minoria o fez.