Um dos destaques é a HealthSnap, plataforma de monitoramento de pacientes à distância, que surgiu de pesquisa na Universidade de Miami, cresceu 500% em 2023 e captou $25 milhões. Na foto, os cofundadores
Em tempos de expansão acelerada de aplicações de Inteligência Artificial, quais outros setores da economia conseguirão se manter relevantes para continuar recebendo investimentos de risco para desenvolvimento de tecnologias? No ambiente de startups do Sul da Flórida, o mercado de saúde vem sendo um dos mais atraentes para fundos de venture capital. As healthtechs da região receberam mais de $360 milhões de investidores em 2023 – só atrás das fintechs, que sempre lideraram o ranking de captação com VCs, segundo o 2023 Annual Insights Report.
Uma das startups mais promissoras é a HealthSnap, uma solução de monitoramento remoto de pacientes (RPM) e gerenciamento de cuidados crônicos (CCM) para provedores de serviços de saúde, que registrou um crescimento de 500% no mercado de sistemas de saúde corporativos em 2023. Há um mês, a empresa com sede em Miami anunciou uma significativa rodada Série B de $25 milhões liderada pela Sands Capital e outros investidores da região Florida Opportunity Fund e o Florida Funders. Com este aporte, a healthtech já soma $48 milhões captados.
A empresa foi criada em 2015 por Samson Magid (CEO), Chase Preston (CPO) e o dr. Wesley Smith (Diretor Cientifico), a partir de uma pesquisa da Universidade de Miami sobre como seria possível melhorar a saúde do paciente por meio de tecnologia e dicas de estilo de vida. Melhor timing impossível: desde antes da pandemia, cada vez mais o mercado de saúde tem investido em soluções de cuidados remotos e de longo prazo. Em 2019, a empresa lançou um sistema Monitoramento Remoto de Pacientes, seguido por serviços de Gerenciamento de Cuidados Crônicos (em 2022) e demonstrou resultados clínicos significativos em condições crônicas como hipertensão, insuficiência cardíaca, obesidade e diabetes tipo II.
Segundo os fundadores, este novo investimento será direcionado à expansão da equipe clínica nacional e ao desenvolvimento de produtos para atender à crescente demanda por cuidados em casa, além de uma nova solução de análise de saúde populacional baseada em Inteligência Artificial, que será uma das prioridades do ano. “Atualmente, coletamos e monitoramos mais de 3 milhões de pontos de dados por mês de nossa base de pacientes em todo o país e nosso plano este ano é aproveitar várias ferramentas de IA para desenvolver diferentes serviços”, disse Magid em entrevista à Refresh Miami.
A HealthStep atende a 150 grupos médicos e sistemas de saúde, incluindo quatro dos 25 maiores sistemas do país. Em pouco mais de um ano, a equipe cresceu de 150 para mais de 400 funcionários.
PARA TRATAR PERDA DE OLFATO, CYRANO THERAPEUTICS RECEBE $9 MILHÕES
Um pouco mais ao norte, em Dalray Beach, outra healthtech começou 2024 capitalizada para novos saltos de desenvolvimento. A Cyrano Therapeutics é uma empresa de medicina regenerativa pioneira no desenvolvimento de tratamentos para a perda do olfato, que anunciou uma rodada série B de $9 milhões, liderada pelo Florida Opportunity Fund.
Trinta por cento das pessoas que sofrem de perda de olfato ficam expostos a situações perigosas como intoxicação alimentar ou incapacidade de detectar vapores nocivos. “A perda do olfato está correlacionada à perda funcional do paladar, o que pode apresentar riscos significativos à saúde e à segurança. É urgente avançarmos nessa terapia”, explica Rick Geoffrion, CEO da Cyrano Therapeutics. O número de pacientes com perda de olfato e sabor a longo prazo aumentou 10 vezes após a pandemia da COVID-19, chegando a mais de 40 milhões de pacientes nos EUA e na Europa.
Na visão de investidores, o Sunshine State é um celeiro para o desenvolvimento de tecnologias para saúde. Como destacou Jackson Streeter, da DeepWork Capital (gestora do fundo que investiu na Cyrano), “este investimento foi importante pois buscamos identificar e cultivar empresas emergentes de biotecnologia na Flórida que combinam experiência executiva e científica com oportunidades terapêuticas que oferecem o potencial de atender a necessidades médicas não atendidas”.