Dante Freitas, do Gravidade Zero, aponta que a visão pragmática da relação homem versus máquina limita nosso potencial frente à aceleração tecnológica
O sentir é o que diferencia o homem versus máquina. É a capacidade de percepção e de se relacionar com outro ser humano que nos faz seres tão complexos, que não podem ser reproduzidos pela tecnologia. É o que pensa o Dante Freitas, cofounder da plataforma de negócios e inovação Gravidade Zero, sobre a relação entre humanos e máquinas no futuro.
Para Dante, os seres humanos ainda têm uma potencialidade desconhecida. “O benefício da tecnologia é absurdo, mas nós, humanos, não sabemos ainda dos nossos poderes”, afirma. Para ele, os avanços da ciência são manifestações naturais de uma tecnologia nativa humana, que a inteligência artificial nunca será capaz de alcançar, estabelecendo um equilíbrio na relação homem versus máquina.
E para explorar os potenciais da mente, precisamos balancear a importância entre o cérebro e o coração. “O homo sapiens é o chimpanzé nessa nova era. Creio que viveremos este novo século pautados no estudo do sentir. Neste aspecto, estamos sendo alfabetizados ainda”, afirma Dante.
Veja seis insights da conversa com Dante Freitas.
- Tecnologia para diminuir desigualdade sociais
“Problemas sociais complexos não podem ser resolvidos sozinhos”. Por isso, a solução ideal é a junção do conhecimento humano com a rapidez de processamento das máquinas. O contato humano e a subjetividade das relações ainda é essencial para entender problemas complexos e pensar em soluções. Essa capacidade a tecnologia nunca terá, mas ela é essencial para facilitar encontros e processar informações que vão auxiliar nessa busca por resoluções mais efetivas na relação homem versus máquina.
- A tecnologia e potencialidade humana
As tecnologias são manifestações de uma inteligência nativa humana. Quer mais complexidade do que gerar um outro ser humano? Ao longo dos anos, temos nos empenhado em descobrir e desenvolver tecnologias para fora, mas esquecemos de estudar nossa própria potencialidade.
- A tecnologia e a subjetividade humana
“Me parece mais plausível acreditar em nave espacial do que as máquinas um dia alcançarem as nuances da percepção humana”, brinca Dante. Para ele, a subjetividade humana ainda é pouco explorada e entendida e não parece um caminho provável ser possível transferir tais características para uma máquina.
- A inteligência artificial e o viés inconsciente
Para Dante, a sociedade precisa rever conceitos e caminhar para a criação de um indivíduo mais ciente de suas limitações e capacidades. “Se não gerarmos seres humanos autônomos, talvez a gente caia num cenário distópico”. Cenário esse, que talvez já tenha chegado com a pandemia, que pode ser encarado como um período de reflexão sobre como temos vivido até aqui.
- Digital Twin
A experiência digital é única da mesma forma que a experiência presencial é única. “Podemos até olhar para o digital como uma extensão do real. Mas as experiências são únicas e singulares, são caminhos e pistas complementares. Portanto, o nosso ‘digital twin’ não é exatamente uma réplica”, explica Dante.
- Ego real x ego digital
Para Dante, ainda estamos estamos entrando na época da coletividade, que é diferente da massificação e só existe se pessoas únicas se conectarem de forma genuína para gerar um sistema real de colaboração. “Os sistemas open source abre um caminho importante para a construção da coletividade. Nós ainda não vivemos verdadeiros ecossistemas de colaboração, mas sim ‘egosistemas’”.
Texto: Juliana Destro
Imagens: Reprodução | Experience Club