Empresa de software para gerenciamento de TI, há 17 anos no sul da Flórida, planeja contratar 500 profissionais até o final de 2022
Quando Miami começou a atrair a atenção de investidores e empreendedores do setor de tecnologia, com o surgimento de seus primeiros unicórnios, uma das referências deste novo ecossistema era uma empresa nem tão jovem ou disruptiva quanto outras startups. A Kaseya, que está na cidade desde 2004, desenvolve softwares para gerenciamento de TI e segurança e se tornou líder no mercado de provedores de serviços gerenciados (MSPs), pequenas e médias empresas.
Em maio deste ano, anunciou um ambicioso plano para contratação para o escritório de Miami – a empresa conta também com unidades em Las Vegas, Vancouver (Canadá) e Dublin (Irlanda). “Vimos o potencial em Miami há 17 anos, quando decidimos abrir um de nossos primeiros escritórios no centro da cidade”, disse à época Fred Voccola, CEO da Kaseya. “Encontramos talentos inacreditáveis no sul da Flórida e essa onda agressiva de contratações reafirma nosso compromisso com a comunidade e nossa crença em Miami como um renomado epicentro tecnológico”.
A empresa se tornou um dos primeiros unicórnios da região em meados de 2019, quando anunciou um aporte de US$ 500 milhões dos fundos TPG e Inside Partners – dois anos antes, havia recebido € 38 milhões do Fundo de Investimento Estratégico da Irlanda. Atualmente tem cerca de 37 mil clientes diretos, além de gerenciar indiretamente, por meio dos MSPs, mais de 1 milhão de usuários.
Um de seus principais softwares é o VSA, uma solução de monitoramento e gerenciamento remoto de redes de computadores e impressoras utilizados e comercializados pelos provedores. Na tarde de 2 de julho passado, uma sexta-feira, a empresa percebeu alguns processos suspeitos nos servidores que rodam seu software. “Não sabíamos se foi um ataque, mas começamos a notar alguns comportamentos estranhos. Em uma hora, fechamos o VSA imediatamente”, contou Voccola, em um vídeo publicado no canal da Kaseya.
Naquele momento, cerca de 50 clientes da Kaseya tinham baixado e oferecido a seus usuários uma atualização comprometida do software. A empresa que fornecia um serviço de segurança cibernética havia acabado de sofrer um dos maiores ataques de ransomware recentes.
Ao calcular os danos durante um pronunciamento na segunda-feira seguinte, o CEO tentou minimizar: “das quase 1 milhão de empresas gerenciadas por nossos clientes, ‘apenas’ 800 a 1500 foram afetadas”. O sistema só foi definitivamente restaurado a estes usuários uma semana depois, no dia 12. Segundo a Reuters, o grupo cibercriminoso russo REvil havia exigido US$ 70 milhões em resgate para liberar os dados sequestrados – a empresa afirmou não ter pago.
Atratividade de Miami facilita contratações
O ataque, contudo, não deve alterar significativamente o plano de expansão para os próximos três anos anunciado pela empresa em maio passado. A campanha do prefeito de Miami, Francis Suarez, para atrair novas empresas e desenvolver o mercado de tecnologia local tornou o recrutamento mais fácil para a Kaseya, que começou a expandir a unidade a partir de 2015. “No início, nós realocávamos pessoas de outras partes do país e do mundo para Miami. Agora não temos que fazer tanto isso, pois desenvolvemos muito do nosso próprio talento”, explica o CEO.
A empresa mantém uma parceria com a Florida International University (FIU), de onde saíram funcionários de quase todas as áreas, da Tecnologia a Vendas e Recursos Humanos. Depois que os graduados são efetivados, a Kaseya oferece um programa de treinamento interno que dura dois anos.
Além das contratações para a sede e nas demais unidades na América do Norte e Europa, a Kaseya está procurando analistas de segurança cibernética para seu novo Centro de Operações de Segurança Gerenciada (SOC), em Miami, com vigilância 24 horas por dia para monitorar ameaças em redes, nuvem e endpoints (dispositivo de rede). A expansão vem na esteira da aquisição da RocketCyber, uma plataforma de operações de segurança com sede em Dallas.
“Muitas pessoas viram o filme Swordfish. Mas hackear um sistema em dois minutos é coisa de Hollywood, pois há muitas maneiras para pessoas más se infiltrarem e fazerem coisas más”, explicou Voccola em entrevista a Refresh Miami. No mundo real, lembra, os hacks demoram semanas e até meses e, muitas vezes, a empresa nem sabe o que está acontecendo.