À espera da aprovação de projeto federal bilionário, regiões como Miami-Dade projetam reformas no transporte urbano, portos e rodovias para atrair empresas e turistas
Até o final deste ano, Miami será uma das três cidades norte-americanas a testar um serviço inovador de entrega de compras com veículos autônomos. O projeto é da varejista Walmart, que anunciou recentemente parceria com a montadora Ford e a startup Argo AI, que fornecem os carros híbridos com tecnologia de autodirigibilidade. Além de Miami, o serviço será testado em Austin e Washington – três regiões com alta densidade populacional e escolhidas justamente por essa razão.
Com um boom nas compras online impulsionando a demanda, analistas acreditam que a entrega autônoma pode se tornar um negócio de US$ 1 trilhão. “Esta colaboração permitirá levar produtos aos clientes com velocidade e facilidade incomparáveis. Isso pavimentará o caminho para a entrega autônoma”, disse Tom Ward, vice-presidente sênior de entrega de última milha do Walmart nos EUA.
Ainda que seja um teste de mercado, Miami tem entrado na rota de novos investimentos neste cenário pós-pandemia, da atração de empresas de tecnologia à retomada do turismo. E se a Câmara dos Deputados dos Estados Unidos aprovar a Lei de Investimento em Infraestrutura e Empregos que já passou pelo Senado, o Sul da Flórida poderá contar com parte de um pacote de $110 bilhões para infraestrutura de transportes no condado de Miami-Dade, a construção de seis novos corredores de BRT e reformar as rodovias da região protegendo-as de danos causados por calor extremo, secas e inundações.
O plano nacional também prevê $17 bilhões para infraestrutura portuária e aeroportuária – não se sabe quanto destes recursos pode ser direcionado ao sul da Flórida, mas a região tem um dos portos mais movimentados do país, Port Miami, responsável por mais de 334 mil empregos criados na cidade.
A prefeita do condado Miami-Dade, Daniella Levine Cava, diz que a região “está bem posicionada para fazer investimentos críticos em nossa infraestrutura e colocar os residentes para trabalhar com esta legislação histórica. O financiamento previsto pelo pacote de infraestrutura nos fornecerá as ferramentas para enfrentar um momento crítico em nossa recuperação econômica”.
Ela cita alguns projetos que podem ser beneficiados com a Lei, como a proteção ambiental da Baía de Biscayne, a expansão da acessibilidade no transporte público, o investimento em banda larga de alta velocidade para acabar com a exclusão digital “e preparar nossa comunidade para riscos crescentes, como o aumento do nível do mar”, afirma.
Mas os senadores republicanos da Flórida, Marco Rubio e Rick Scott, foram contra a Lei de Investimento em Infraestrutura e Empregos. “Apoio o investimento em estradas, pontes, banda larga e esforços para mitigar o aumento do nível do mar. Mas este projeto de lei foi negociado em segredo, processado rapidamente sem oportunidades significativas de contribuição e acrescenta um aumento líquido de $ 350 bilhões à dívida pública dos Estados Unidos. Não posso votar em um projeto de lei como esse”, disse Rubio.
Orlando projeta hub intermodal em aeroporto
Antes da pandemia, Orlando era um dos mais populares destinos turísticos dos EUA, impulsionada por um número cada vez maior de parques temáticos. O aeroporto internacional da cidade foi o décimo mais movimentado do país em 2019 e o volume de passageiros aumentou 64% em vinte anos. A expansão superou a capacidade de atendimento e um novo terminal começou a ser construído em 2017.
Mas a Covid obrigou a desacelerar os planos: mais de US$ 4 bilhões do orçamento foram reduzidos e as contratações praticamente cessaram. Em abril de 2020, o tráfego aéreo caiu para 4% dos níveis pré-pandemia, de acordo com estudo da Slack, Johnston & Magenheimer. O número total de passageiros, que foi de 51 milhões de pessoas em 2019, caiu para menos da metade no ano passado, 22 milhões.
Com a retomada do turismo, a gestão do aeroporto de Orlando avançou no projeto de reforma e modernização para os próximos anos. O novo terminal, que deve ser inaugurado na primavera de 2022, prevê também um hub intermodal, com opções de turismo terrestre e um sistema ferroviário intermunicipal até Miami, projeto que deve ser concluído só a partir de 2023. Com a nova infraestrutura, será possível atender entre 10 milhões e 12 milhões de passageiros/ano e dar um novo fôlego econômico à região no pós-pandemia.