Com aportes que somam $315 milhões, resultado é 650% superior ao período anterior no ano – e também o maior já registrado na região.
O Sul da Flórida ganhou os holofotes de empreendedores, investidores e profissionais do mercado financeiro e de tecnologia nos últimos anos. É a ascensão da “Miami Tech”, com uma nova onda de startups sendo criadas e de empresas de diversas regiões dos EUA, Américas e Europa anunciando novas operações e headquarters na região.
Mas neste segundo trimestre de 2022, o grande destaque do Sunshine State está na região de Orlando. Neste período, empresas de tecnologia locais bateram um recorde histórico de captação de recursos em capital de risco – e justamente em um período de queda global no volume de investimentos. Ao todo, startups locais somaram aportes de $315 milhões, um crescimento de 650% em comparação com o primeiro trimestre do ano, aponta estudo divulgado em julho pela PitchBook e a Associação Nacional de Venture Capital (NVCA).
O resultado é o maior desde que a NVCA iniciou o monitoramento, em 2014, e vai na contramão do mercado nacional: ao todo, os investimentos em VC nos EUA caíram 24% no segundo trimestre de 2022, em comparação com o período anterior. “É uma tempestade perfeita de indicadores positivos e agora os investidores devem olhar para todo o estado”, disse Kevin Burgoyne, presidente e CEO do Florida Venture Forum ao TechCrunch.
Dois dos principais deals do período foram em startups localizadas na pequena Winter Park, cidade de pouco mais de 30 mil habitantes ao norte de Orlando. Uma das estrelas locais é a Mosyle Corp., empresa de tecnologia educacional que desenvolve aplicativos móveis para instituições de ensino e também para os pais acompanharem o aprendizado dos alunos. Em maio passado, a Mosyle recebeu um aporte de $ 196 milhões liderado pela empresa de private equity e VC Insight Partners, com participação do StepStone Group e dos investidores que participaram das rodadas anteriores, como os fundos Elephant e AlbumVC.
“O foco em inovação contínua de produtos, a facilidade de uso e suporte ao cliente solidificou sua posição como a plataforma preferida para grandes e pequenas empresas e instituições educacionais”, argumentou Rebecca Liu-Doyle, diretora adminstrativa da Insight Partners. Desde 2020, a Mosyle já triplicou suas receitas – atualmente conta com mais de 32 mil clientes.
“No ano passado, desenvolvemos características inovadoras de segurança e gerenciamento das soluções. Este round valida desta visão e nossa crença de que as empresas exigem mais do que o tradicional no atual ambiente de trabalho híbrido”, diz Alcyr Araujo, fundador e CEO da Mosyle.
GRANDES RODADAS EM PEQUENAS CIDADES
Na mesma Winter Park está a Leasecake Inc, empresa que desenvolve um sistema operacional em nuvem para o mercado imobiliário, e que recebeu um investimento de $12 milhões da PeakSpan Capital, empresa com bases de operação no Vale do Silício e em Nova York, focada em empresas de software B2B. Os recursos serão utilizados para contratações (a equipe de 50 pessoas deve dobrar ao longo do ano) e para expandir os serviços para a Europa e América Latina.
A plataforma da Leasecake ajuda os usuários (locatários, locadores, franqueadores e corretores) a agilizar operações de locação, gestão de custos e relacionamento com fornecedores de serviços – e teve um crescimento exponencial de demanda no ano passado. Como explica David Schrader, diretor de Produto da Leasecake, “os clientes estão em toda a cadeia do setor imobiliário, e nossa tecnologia permite o compartilhamento de dados entre corretores, bancos, advogados e seguradoras, para que passem rapidamente pela due dilligence e consigam captar empréstimos para agilizar negócios”.
Um pouco mais ao norte de Winter Park, na cidade de Maitland, está a ThreatLocker, empresa de cibersegurança que recebeu um aporte de $ 100 milhões do fundo General Atlantic no segundo trimestre deste ano – e está a caminho de se tornar um novo unicórnio, com valor de mercado próximo a $ 1 bilhão. No ano passado, a empresa cresceu 540% em receita – só em abril deste ano, agregou 700 novos clientes, em geral provedores de serviços gerenciados (MSPs) que buscam um sistema de proteção robusto contra ciberataques.
“Quanto mais investirmos em P&D e mais nos concentrarmos em fazer com que nossos produtos parem mais ameaças com menos atrito, melhor será a vida dos MSPs que servimos”, disse Denny Jenkins, cofundador e CEO da empresa. “Isto vai mudar a trajetória de como pensamos sobre como a segurança funciona”.
Nesta toada, Orlando poderá seguir o caminho do Sul da Flórida na atração de empresas e profissionais – o dinheiro para desenvolvimento, pelo menos nos últimos meses, já chegou.
Foto: Nathan Waters (Unsplash)