Com sede em Miami, startup desenvolveu uma plataforma de locação que oferece mais de 50 mil barcos de vários portes em 700 cidades.
Depois de se consolidar nos transportes e no setor imobiliário, a febre da economia compartilhada chegou ao mercado náutico. E quem está liderando esta transformação é uma startup de Miami que surgiu em 2013, a Boatsetter, que já foi chamada de “Airbnb dos iates” e que recebeu em agosto deste ano um investimento série B de $ 38 milhões para expandir suas operações e portfólio de serviços.
O modelo de negócio da empresa conecta proprietários de barcos (que em geral usam suas embarcações apenas 28 dias por ano, segundo a National Marine Manufacturers Association), capitães que podem ser contratados para guiar passeios (como os motoristas de aplicativo) e consumidores que querem curtir um final de semana ou algumas horas ao mar com familiares e amigos.
O investimento na Boatsetter foi liderado pelo fundo Level Equity, de Nova York, especializado em empresas de médio porte, em parceria com a firma de investimentos Certares e a Suntex Marinas, maior operadora de estabelecimentos náuticos deste tipo nos EUA. Desde a fundação, há quase uma década, a startup recebeu um total de $65 milhões em nove rodadas de venture capital.
Com o aporte mais recente, a Boatsetter pretende ampliar sua oferta de serviços: atualmente são mais de 50 mil embarcações, de barcos para pesca, iates de pequeno e grande porte (de 8 a mais de 200 pés), catamarãs, entre outros, em mais de 700 cidades mundo afora.
Na visão da CEO Jackie Baumgarten, “existem mais de 15 milhões de barcos privados nos Estados Unidos e a maioria não é utilizada durante boa parte do ano, o que os torna extremamente caros e subutilizados. Nós ajudamos a cobrir o custo das embarcações e também permitimos que novos negócios possam surgir”.
Recentemente, a startup anunciou a criação da “Boatsetter Academy”, um curso náutico que ensina fundamentos da operação de barcos, dar nós, ancorar, lançar linhas e ler equipamentos eletrônicos de bordo que já contou com cerca de 1.000 alunos em oito cidades (San Diego, NY, Miami, Seattle, Austin, Dallas, Tampa e Los Angeles) e que em breve chegará a Chicago, Phoenix, Houston, Salt Lake City, Atlanta, Charlotte e Washington, DC. “Somos oficialmente a maior escola de navegação gratuita do país e temos planos de continuar crescendo”, disse Scott Cockburn, que dirige a Academia.
A maior parte dos cerca de 100 funcionários vive na Flórida – e há vagas abertas, especialmente para trabalhar com vendas, User Experience e User Interface (UX/UI) e desenvolvimento de softwares. A empresa tem feito ações em universidades locais para selecionar talentos nestas áreas.
DEMANDA CRESCE 200% EM UM ANO
Além de conectar donos de barcos, capitães (devidamente licenciados pela Guarda Costeira) e usuários, a startup gerencia a logística financeira entre todas as partes. Até hoje, mais de um milhão de proprietários já utilizaram a plataforma da Boatsetter, que teve um aumento de 50% no volume de barcos listados para aluguel em 2021. Alguns donos de barcos disseram já ter faturado mais de $100,000 no ano passado com este modelo.
Em termos de locação, a expansão nos últimos 12 meses foi de 200%, afirmou Jackie ao Yahoo Finance. O isolamento em função da Covid teve um certo impacto, segundo ela. “Muitas pessoas estavam fechadas e procuravam uma maneira segura de poder estar ao ar livre com sua família. Então vimos um enorme aumento na demanda em todos os mercados”. Outro fator que ampliou a demanda pelo serviço é a diversidade de opções para locação: os usuários podem reservar barcos por algumas horas, para passeios curtos, ou por vários dias.
Grande parte dos clientes da Boatsetter são mulheres, que escolhem este modelo em função da segurança (em geral alugam os barcos em grupos de amigas) e os millenials, que já estão acostumados à economia do compartilhamento em vários outros serviços. “Não estamos fazendo nada para atingir este perfil de público. Eles estão naturalmente chegando porque ele se alinha com a maneira como eles querem desfrutar de experiências”, afirmou a CEO.