Para a Atomic, que ajudou a construir empresas locais como OpenStore e Bungalow, o momento pós-crise é o melhor para começar novos negócios.
Algumas das maiores companhias globais nasceram em momentos de crise econômica. A Disney nasceu no ano da Grande Depressão (1929), enquanto a Microsoft surgiu durante a primeira crise do petróleo, em 1973. Seguindo esta lógica, o atual cenário – após a redução significativa de dinheiro para venture capital e ondas de demissões em grandes empresas de tecnologia e startups – pode ser uma das melhores oportunidades para iniciar novos negócios.
É o que acredita Jack Abraham, fundador e managing partner da Atomic, um venture studio com sede em Miami que há mais de 10 anos ajuda a desenvolver e financiar modelos de negócio inovadores. Nesta semana, a Atomic anunciou a criação de um novo fundo, com um total de $320 milhões para criar e investir em startups. Ao todo, a empresa tem mais de $750 milhões sob gestão, com recursos de fundações e instituições, além de fundos de endowment.
“Acho que nunca houve um período tão bom nos últimos tempos como agora para construir startups”, disse Abraham à Fortune. E a razão, para ele, é simples: a disponibilidade de talentos no mercado após os layoffs em 2022 e 2023. “No último ano, não apenas centenas de milhares de talentosos da área de tecnologia ficaram subitamente disponíveis como muitos outros estão considerando a mudança em função do cenário”, argumenta. Há também outro fator-chave: o timing para investimentos. “Em um momento em que muitos estão se retraindo e desacelerando, abrimos mais empresas em mais setores do que nunca no ano passado”, ressalta Abraham.
Ao anunciar o novo fundo, o CEO destacou que as empresas criadas durante as recessões econômicas não têm outra opção a não ser serem extremamente eficientes em termos de capital e disciplinadas, gerando startups mais sustentáveis do que aquelas criadas enquanto o capital é abundante. “Os mercados ficam menos competitivos quando uma dúzia de clones não pode ser financiada ao mesmo tempo. É muito mais fácil para as startups testadas durante a batalha emergirem com vantagens quando os mercados se recuperam”, acredita.
A Atomic reforçou seu quadro de sócios com a chegada de Kristin Schaefer, ex-CFO da Postmates, empresa de entrega de refeições comprada pela concorrente Uber em 2020 por $2,6 bilhões. Além disso, o studio contratou outros cinco executivos de áreas como engenharia, marketing, vendas e operações para crescer em escala.
MIAMI TECH CONTINUA ATRAENTE PARA EMPREENDEDORES E INVESTIDORES
Uma das empresas investidas pela Atomic é a Bungalow, uma proptech que trocou o Vale do Silício por Miami no ano passado. A startup, que desenvolve uma plataforma de tecnologia full-service para locatários de imóveis, vem se estabelecendo nas principais áreas metropolitanas dos EUA e começou sua jornada em 2017, quando o fundador e CEO Andrew Collins era apenas um empreendedor residente na Atomic e desenvolvia o projeto de uma empresa de coliving. Fascinado pelo ecossistema em ascensão de Miami – que ele compara à San Francisco de décadas atrás – Collins se mudou para o Sul da Flórida em 2021 e parte da equipe também está se transferindo para a Costa Leste.
Outro case local da Atomic é a OpenStore, fundada em 2021 e com sede em Wynwood, que ajuda empreendedores a criar em até 24 horas um e-commerce na Shopify. Em menos de dois anos, a empresa captou mais de $150 milhões em rodadas de venture capital com diversos fundos.
Estes exemplos mostram a importância do Sul da Flórida para a nova geração de startups e outros fundos de investimento. “2022 foi um ano realmente difícil para as startups em capital de risco, mas Miami não viu isso”, comentou Abraham durante um evento com parceiros no Miami Tech Week.
Foto: Dmitry Demidko (Unsplash)