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As razões que fizeram Miami ser escolhida como hub de climate techs nos EUA

Programa Tech Hubs cria vários centros regionais no país e, no Sul da Flórida, pode impulsionar a geração de $9 bilhões em receitas e mais de 20 mil empregos qualificados na próxima década. /  Foto: Reiseuhu (Unsplash)

 

Nos últimos anos, a cidade de Miami tem dado passos significativos na luta contra as mudanças climáticas. O compromisso da cidade com práticas sustentáveis (com a criação do programa Miami Forever Carbon Neutral), combinado com a necessidade de combater desastres naturais (como a elevação do nível do mar nas próximas décadas) e um cenário de emergentes empresas de tecnologia para este mercado levou o Sul da Flórida a ser oficialmente nomeado pelo governo dos EUA como um climate tech hub.

Nesta semana, a Administração de Desenvolvimento Econômico (EDA) do Departamento de Comércio dos EUA, anunciou a criação do Tech Hub de Resiliência Climática do Sul da Flórida, sob a liderança do Condado de Miami-Dade – um dos 31 Tech Hubs selecionados entre quase 200 candidatos selecionados em diversas regiões dos Estados Unidos e territórios como Porto Rico. 

De acordo com o EDA, a escolha é um reconhecimento pela liderança e expertise tecnológica da cidade no setor. O projeto recebeu apoio bipartidário de membros do Congresso que representam os condados de Miami-Dade, Broward e Palm Beach. A expectativa é que o mercado de climate techs represente $1,3 trilhão globalmente até 2032 – com a ajuda das iniciativas do Tech Hub, o sul da Flórida deve gerar aproximadamente $9 bilhões em novas receitas na próxima década e criar cerca de 23.000 empregos locais.

O Tech Hub de Resiliência Climática do Sul da Flórida faz parte da primeira fase do programa Tech Hubs, autorizado pelo CHIPS and Science Act – e  será representado por um consórcio de governos locais, empresas, universidades e organizações sem fins lucrativos. Estes centros agora podem se candidatar à próxima fase do programa, que prevê investimentos que variam de US$ 50 a US$ 75 milhões em cada um dos 5 a 10 hubs designados. 

A pedra angular do compromisso de Miami com o combate à mudança climática é o plano “Miami Forever Carbon Neutral”. Lançado em 2019 e com meta para atingir a neutralidade de carbono até 2050,  o programa concentra-se na redução das emissões de gases de efeito estufa diretamente na fonte. Para atingir esse objetivo, a cidade estabeleceu uma meta provisória de redução de 60% nas emissões em relação aos níveis de 2018 até 2035. São cinco objetivos principais: locomoção, energia renovável, veículos elétricos, eficiência energética e economia verde – metas que visam não apenas diminuir as emissões de gases, mas também fortalecer a economia local em torno da emergência climática. 

Um relatório recente da cidade revelou que, de 2015 a 2019, os empregos verdes em Miami cresceram a uma taxa anual de 3,8%, em comparação com apenas 1% de crescimento em setores não-verdes. Mesmo durante a pandemia, o volume de empregos com este perfil permaneceram quase inalterados.

“MARCO-ZERO DA CRISE CLIMÁTICA”, MIAMI ESTIMULA STARTUPS

O condado de Miami-Dade aproveitará a inovação e a pesquisa locais para desenvolver soluções tecnológicas, avaliou a deputada Sheila Cherfilus-McCormick. “O sul da Flórida continua sendo o marco zero da crise climática, com o impacto sentido diretamente pelas comunidades e ecossistemas de toda a região. Ao aproveitar a inovação e a pesquisa locais, o Centro Tecnológico de Resiliência Climática desenvolverá soluções tecnológicas de ponta que atendam a esse momento urgente e forjem um caminho mais sustentável e resiliente para o futuro”. 

Algumas startups locais já estão fazendo a sua parte. É o caso da Blue Frontier, que fará parte do hub das climate techs e que desenvolveu uma inovação que ajuda a descarbonizar os sistemas de refrigeração em edifícios, usando energia limpa e mais barata. A empresa recebeu em 2022 um investimento de $20 milhões liderado pelo fundo Breakthrough Energy Ventures, criado por Bill Gates.

A preocupação ambiental também chegou ao mercado da moda: a Sea Sweepers surgiu com a missão de criar um novo ecossistema comercial baseado na remoção de plásticos dos oceanos por meio de uma plataforma blockchain (utilizada para verificar a autenticidade dos produtos reciclados) e, ao lado de empresas parceiras interessadas no desenvolvimento de produtos, quer “reimaginar a cadeia de abastecimento” na  área de roupas esportivas e trajes de banho. 

Outra iniciativa relevante é a da Kind Designs, com sede em Miami Beach, começou a desenvolver uma tecnologia própria de impressão 3D de paredes marinhas vivas (living seawalls), que funcionam como recifes de corais e contam com um sistema de sensores para captar dados sobre a qualidade e a biodiversidade da água. Em agosto passado, a empresa recebeu um investimento de $5 milhões para acelerar o desenvolvimento da tecnologa e ampliar a capacidade de produção. 

“À medida que o mundo faz avanços tecnológicos, é essencial que o condado de Miami-Dade permaneça alinhado com o mundo em constante evolução, preparando proativamente nossa força de trabalho e infraestrutura para o futuro”, resumiu a deputada Frederica S. Wilson após o anúncio da criação do Tech Hub.

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