Categories

Most Viewed

Computação espacial vai permitir que objetos digitais compartilhem o mundo físico

por Denize Bacoccina, head de Conteúdo Editorial do Experience Club Brasil

 

Neil Redding é um futurista que se dedica a estudar as tecnologias que podem ser colocadas em prática no futuro próximo. Ele atua na convergência entre o mundo físico e o mundo digital e é especialista em computação espacial, realidade aumentada, realidade virtual e a convergência entre os ecossistemas, e está prestes a lançar o livro The Ecosystem Paradigm. Fundador e Chief Near Futurist da Redding Futures, uma consultoria que ajuda empresas a desenvolver ou usar tecnologias pra criar produtos ou soluções, ele já liderou times de futuro próximo em empresas como Mediacom, Gensler e Thoughtworks.

Redding fez uma apresentação sobre essas tecnologias no SXSW esta semana e, em entrevista exclusiva à [EXP], explica os usos práticos desta tecnologia e em quanto tempo ela será amplamente usada. “A computação espacial vai permitir que objetos digitais compartilhem o mundo físico conosco”, diz ele.

[EXP] –  O que é computação espacial?

Neil Redding – Em sua definição mais simples, é dar aos computadores a capacidade de interagir com o mundo físico. É uma espécie de ponte entre o mundo físico e o mundo digital. Permite que os computadores interajam mais especificamente com objetos e ambientes físicos e com nossa própria fisicalidade. Parte da computação espacial é responder aos nossos gestos e ao movimento dos nossos corpos.

[EXP] – Pode dar alguns exemplos de como a computação espacial é usada?

Essa descrição, de permitir que os computadores interajam com o mundo físico, traduz algo que é muito amplo. A computação espacial é o que os robôs usam, o que os veículos autônomos usam, o que os drones usam para mapear, compreender e mover-se pelo mundo físico, navegando de forma eficaz. Os smartphones também podem usar a computação espacial. Os smartphones modernos de última geração possuem câmeras de alta resolução, o que lhes permite compreender o mundo físico, de forma que possam navegar pelo espaço tridimensional, levando o usuário do ponto A ao B. Isso pode ser usado em uma loja, armazém, shopping ou algum outro espaço ao ar livre.

Usar a realidade aumentada para navegar pelo espaço é uma capacidade comum da computação espacial. Mas também computadores como Apple Vision Pro ou Metaquest, têm a capacidade de colocar objetos digitais em nosso espaço físico para que pareçam estar presentes também. Assim, os objetos digitais estão começando a aparecer no mundo físico quando usamos esses headsets.

 

Qual é o potencial dessa tecnologia?

Tim Cook, CEO da Apple, disse que esta é a terceira grande era da computação. Ele está dizendo que a computação espacial é tão grande quanto a computação pessoal e a computação móvel. Ele está dizendo que a computação espacial é tão grande quanto a computação pessoal e a computação móvel. Então, o que a Apple pretende é ter um computador de uso geral. Falei sobre isso na minha palestra, a computação espacial vai permitir que objetos digitais compartilhem o mundo físico conosco.

Qualquer coisa que vemos ao nosso redor é física. Agora, muitos desses objetos poderiam ser digitais. E por serem digitais podem ser dinâmicos, podem ser alterados a qualquer momento. Eles podem ser personalizados para pessoas individuais, em vez de serem apenas o mesmo objeto para todos.

Pode explicar melhor como isso funcionaria?

Digamos que estou olhando para esta placa aqui. Ao invés de a placa dizer a mesma coisa para todos, ela poderia dizer algo específico para mim e outra coisa para você. Ou então, vamos dizer que trabalhamos juntos e temos uma planta no trabalho. Só que você gosta de uma planta pequena e eu gosto de plantas altas. Cada um vê a planta da forma que mais gosta. Outro exemplo melhor: uma obra de arte. Poderia haver um objeto de arte, uma escultura e cada um de nós veria um objeto diferente naquele espaço.

Um exemplo prático que desenvolvi trabalhando com uma startup de computação espacial focada no varejo no ano passado: eles usam smartphones para fazer computação espacial. Criamos sistemas de coordenadas tridimensionais em uma loja que permitem a colocação de notas digitais pela loja para orientar onde os produtos deverão ser colocados, ou dizer que uma prateleira precisa ser consertada, ou que algo precisa ser limpo aqui. Usamos essas notas digitais para orientar os trabalhadores da loja, eles as veem no espaço físico.

Ser capaz de colocar informações digitais em locais físicos específicos significa que há menos perda de informações. É como se houvesse uma comunicação melhor. Podemos também orientar a direção que uma pessoa deve seguir para encontrar um livro. Uma coisa é eu descrever verbalmente, mas você pode não encontrar o livro porque é um pouco impreciso. Outra é ter notas digitais que você visualiza durante o caminho até chegar lá. Acredito que isso vai começar a acontecer muito e vamos interagir com esses objetos digitais ou informações digitais no mundo físico usando smartphones, por enquanto, mas óculos também poderão ser usados.

Quando isso começará a acontecer?

Já há iniciativas, mas isso pode levar de cinco a 10 anos, vai demorar um pouco.

Forgot Password

Header Ad