Com forte investimento de empresas privadas e apoio de agências governamentais, como a Space Florida, região fortalece liderança no setor espacial atraindo parcerias e o mercado de capitais.
No último dia 30 de setembro, a espaçonave de carga SpaceX Dragon voltou à Terra repleta de experimentos científicos realizados ao longo de um mês na Estação Espacial Internacional. A cápsula, com peso de 4,6 mil libras, provocou um estrondo sonoro que pode ser ouvido ao longo da costa nordeste da Flórida, região conhecida como Space Coast, base do programa espacial dos Estados Unidos.
A missão da SpaceX à órbita terrestre é um exemplo da retomada da indústria espacial no país e em especial na Flórida, onde trabalham 132 mil pessoas em 11,6 mil empresas relacionadas às atividades aeroespaciais. O setor é responsável por uma receita anual de US$ 17,7 bilhões para o estado, segundo a Space Florida, agência governamental criada em 2009 para fortalecer o estado como líder em pesquisa, investimento, exploração e comércio aeroespacial.
Em 2021, foram realizados 14 lançamentos orbitais (todos eles bem sucedidos) a partir do Cabo Canaveral e há outras missões previstas até o final do ano. É a maior atividade espacial de todo o planeta – em segundo lugar está o Cenrro de Lançamento de Satélites de Jiuqua, na China, que realizou 12 lançamentos no mesmo período.
Para alguns especialistas, como o administrador da Nasa e ex-senador Bill Nelson, a Flórida vive “uma era totalmente nova na indústria espacial”, comparável aos tempos do projeto Apollo, mas com aumento significativo da participação do seor privado. “Todas essas plataformas de lançamento abandonadas desde os primeiros tempos do espaço estão ganhando vida”, destaca.
Recentemente, a Terran Orbital, empresa líder em soluções para satélites e com sede em Boca Raton, anunciou a construção da maior e mais avançada fábrica de veículos espaciais do mundo, próxima ao Centro Espacial Kennedy. O investimento total será de US$ 300 milhões, com apoio da Space Florida no financiamento, e deve gerar 2,1 mil empregos nos próximos quatro anos. “É mais econômico fazer a fabricação de satélites que depois vão colocar no espaço diretamente do centro de lançamento, que é o Kennedy Space Center e o Cape Canaveral Spaceport”, explica Nelson.
PARCERIA COM ISRAEL E EXPANSÃO DOS NEGÓCIOS
A expansão do setor, e a atração de novos investimentos, tem feito a Space Florida desenvolver parcerias internacionais em inovação e novas tecnologias. Neste ano, a agência norte-americana, em conjunto com a Autoridade de Inovação de Israel, lançou um programa que vai financiar startups e projetos conjuntos entre os dois países. As entidades são parceiras desde 2013, quando criaram um fundo recorrente para apoio à pesquisa e desenvolvimento tecnológico e aeroespacial.
Foram apresentados 20 projetos, dos quais quatro foram aprovados (com participação de empresas de cidades da Flórida como Jacksonville, Orlando e Merritt Island): uma antena inovadora para comunicação via satélite redesenhada para atender exigências específicas do espaço; filtros ópticos usando nanopartículas para resfriar objetos usando a luz solar; colete de proteção com polietileno reciclado contra radiação pessoal em órbita; e lentes especiais para captação de imagens em mini e nano satélites.
“O número de oportunidades que temos hoje é o dobro do que era antes do COVID”, comenta o presidente da Space Florida, Frank DiBello. “Isso acontece primeiramente porque a indústria está crescendo, mas também porque as empresas mudaram forma de operar durante a pandemia. Assim buscam as melhores instalações, investindo para baixar os custos e melhorar a produtividade. E a Flórida está muito bem quando olham para a sua próxima geração de instalações”, disse DiBello em entrevista ao Florida Politics.
E elencou mais uma razão para esta nova ‘era de ouro’ espacial, o mercado de capitais: “Os investidores tem notado o que está acontecendo aqui na Space Coast e há muito capital disponível para expansão e crescimento”.