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Restrito à saúde, mercado da maconha na Flórida é o terceiro que mais cresce nos EUA

Cinco anos após aprovação do uso medicinal, a indústria da cannabis gerou mais de 15 mil empregos e faturou $ 1,2 bilhão em 2020.

Cinco anos após aprovação do uso medicinal, a indústria da cannabis gerou mais de 15 mil empregos e faturou $ 1,2 bilhão em 2020. Número de centros licenciados para produção e venda deve dobrar em breve.

 

Há cinco anos, os eleitores da Flórida votaram em peso a favor da Emenda 2, que dava garantias constitucionais a pacientes graves de determinadas doenças para obter maconha medicinal. De acordo com estimativa da época, cerca de 450 mil moradores do estado, diagnosticados com câncer, HIV, epilepsia, Parkinson e estresse pós-traumático, estariam qualificados para usar a droga como tratamento de saúde.

Apesar da vitória para os apoiadores da descriminalização da maconha, pouco se avançou em termos de regulação e licenciamento para produção no estado desde 2016. Há duas semanas, porém, uma emenda bipartidária – proposta pelo democrata Andrew Learned e o republicano Spencer Roach – pretende ser a primeira grande atualização da lei desde que a Emenda 2entrou em vigor. 

Segundo Roach, “é um esforço para assegurar que os pacientes tenham acesso a um programa médico seguro, tal como exigido pela maioria dos eleitores da Flórida em 2016, colocando salvaguardas de senso comum para desenvolver normas, aumentar a transparência e manter os produtos longe das crianças”. O democrata Learned lembrou que este tipo de tratamento pode reduzir em cerca de 60% o custo de medicamentos aos pacientes. 

Mas a liberação do uso recreativo da planta no Sunshine State, como já é realidade em outros 18 estados, está longe do debate legislativo. O projeto bipartidário mantém restrições como: “interesse econômico ou relação financeira” entre laboratório de testes de maconha e centros de tratamento, registro local de extrato de cânhamo e produtos derivados distribuídos no estado, além da venda para outros fins que não medicinais.

Ainda que restrito, é um mercado que já criou quase 15 mil empregos e movimentou US$ 1,2 bilhão em 2020 na Flórida, só atrás da Califórnia e do Colorado, primeiro a liberar a erva nos Estados Unidos. Outros fatores podem fortalecer a Flórida neste mercado: além de ser o terceiro estado mais populoso do país, tem 20% da população acima dos 65 anos, principal faixa etária para uso da maconha medicinal. Segundo a Pesquisa Nacional sobre Uso de Drogas e Saúde, o uso de cannabis cresceu 18% entre esta população.

 

NOVAS LICENÇAS PARA PRODUÇÃO EXPANDEM INDÚSTRIA 

Até julho de 2023, o governo local vai liberar licenças para 27 novos centros de tratamento de maconha medicinal, o que vai duplicar a estrutura de atendimento aos pacientes – e impulsionar como nunca o mercado local nos próximos anos. Atualmente há 22 centros em operação no estado, que são responsáveis pelo plantio, processamento, distribuição e entrega do produto, além de cinco laboratórios licenciados para realizar testes de maconha medicinal. 

Para dar conta da demanda nos próximos anos, o Departamento de Saúde do Estado deve ampliar em US$ 13 milhões os recursos para o Escritório de Uso Médico da Maconha, que tem hoje 80 funcionários e pode chegar a 165. Há também projetos para campanhas educacionais nos escritórios de Tampa Bay, Orlando e Miami. Atualmente, 620 mil moradores da Flórida estão qualificados para a prescrição da maconha. 

A indústria local, contudo, se preocupa com um projeto de lei que prevê a limitação do teor de tetrahidrocanabinol (THC), princípio ativo da planta, em até 10% por volume – o que enfraqueceria o potencial do medicamento, já que os produtos vendidos contém teores acima deste limite.

Na avaliação de Brady Cobb, CEO da One Plant, um dos centros de tratamento de marijuana medicinal licenciado do estado, milhares de pacientes com dores crônicas graves seriam forçados a mudar os medicamentos que estão habituados a tomar – e sairiam do programa legal para o mercado negro. “Isto não está fundamentado na ciência, isto não está fundamentado na defesa do paciente. Esta é uma batalha política em curso”, comentou Cobb.

Política e econômica. Segundo a consultoria ArcView Market Research, é um mercado que pode gerar US$ 6 bilhões em vendas até 2030 na Flórida. E ainda há a batalha pela legalização do uso recreativo da maconha, tema que pode entrar em votação popular em 2022. Para ser aprovada, será preciso obter mais de 60% do apoio dos eleitores – o que não foi difícil na época da Emenda 2.  

 

Foto:  Add Weed / Unsplash 

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