Miami subiu sete posições e hoje figura em 16o. lugar entre os ambientes mundiais de tecnologia e inovação, de acordo com estudo que mapeia 300 cidades – mas ainda enfrenta o desafio da desigualdade digital. / Foto: Rachel Martin (Unsplash)
Poucas cidades no mundo ascenderam tanto nos últimos anos como um ambiente de desenvolvimento de startups e novas tecnologias quanto Miami. É o que aponta o Global Startup Ecosystem Report 2024, um dos mais importantes mapeamentos sobre ecossistemas de inovação no mundo, que anualmente destaca os hot spots para quem quer empreender, investir ou trabalhar no setor tech.
Em 2024, Miami alcançou a 16a. posição, um significativo avanço frente ao report do ano passado, quando ocupava o 23o. lugar – no ranking de 2022, a Magic City estava em 31o. lugar. No atual posto, Miami chega a um patamar onde estão importantes polos de startups na Europa – como Amsterdam (13a.), Paris (14a.) e Berlim (15a.) – e na América do Norte, como Chicago (17a.) e Toronto/Waterloo (18a.).
A liderança, sem surpresas, é da região do Silicon Valley, seguido por duas cidades empatadas da segunda posição (Nova York e Londres), e outras duas também dividindo o 4o. lugar (Tel Aviv e Los Angeles).
A base de dados soma mais de 4,5 milhões de startups em 300 ecossistemas globais e a metodologia envolve o estudo de indicadores como acesso a recursos financeiros e volume de investimentos, taxa de sucesso das empresas, valor de mercado do ecossistema e o total de exits das startups locais.
Em Miami, o total de exits em 2023 de US$ 2,1 bilhões em 2023 é o 13º maior globalmente. Destaque para a Redzone Software, startup que desenvolve plataforma de produtividade de funcionários adquirida por US$ 885 milhões; e pela Freightos, que atua com tecnologia para a cadeia de suprimentos, que fez parte de uma fusão avaliada em $ 500 milhões.
Os 20 principais ecossistemas globais de startups. / Fonte: GSER 2024
E é justamente este incremento na atividade de compra e venda de startups a principal razão do bom desempenho de Miami no ranking. “Um dos principais motivos pelos quais Miami deu um salto tão grande foi o fato de continuar a ter várias saídas grandes. A cidade teve um aumento de 28% desde a última vez que fizemos nosso report. A experiência que vem com a grande saída paga dividendos para as futuras gerações de startups no ecossistema e serve como um sinal para os investidores em todo o mundo de que as empresas podem escalar com sucesso a partir daí”, comentou Forrest Wright, líder de avaliação de pesquisa da Startup Genome.
Outras cidades da Flórida estão entre os 50 principais ecossistemas de startups do mundo: Orlando ocupa a 30a. posição, enquanto Tampa é a 34a. colocada. Orlando, por exemplo, se destacou pela nota alta na categoria Conhecimento, um legado deixado pelas empresas de tecnologia de defesa e aeroespacial da Space Coast, que atrai muitos talentos das universidades para atuar no setor.
INICIATIVAS AJUDAM A REDUZIR DESIGUALDADE DIGITAL
Mesmo estando no top 20 entre os ecossistemas globais, Miami enfrenta o desafio da desigualdade digital: mais de um em cada cinco residentes do condado de Miami-Dade não tem acesso à internet – estatística que coloca a cidade em segundo lugar entre as metrópoles menos conectadas dos Estados Unidos. Um dos projetos que busca reduzir essa disparidade no acesso digital é o Miami Connected, lançado na primavera de 2021 e que visa conectar 60.000 famílias à internet, além de oferecer treinamentos em habilidades digitais, desde tarefas básicas até ferramentas mais avançadas.
Recentemente, o condado recebeu um subsídio de $13,5 milhões do Florida Commerce Office of Broadband para reformar e construir prédios comunitários multiuso com o objetivo de melhorar o acesso e os recursos para monitoramento da saúde, trabalho e educação.
“O acesso à conectividade de banda larga é uma prioridade para preparar nossa comunidade para o futuro, e deve estar disponível para todos, assim como água e eletricidade”, disse a prefeita do condado de Miami-Dade, Daniella Levine Cava. “Para isso, estamos promovendo parcerias comunitárias e preparando o caminho para uma Miami-Dade mais conectada e capacitada”, resume.