Conheça o fundo de Miami que expande globalmente financiando projetos de infraestrutura

Com $ 40 bilhões sob gestão, I Squared capta $ 600 milhões com investidores do Qatar e Emirados Árabes para projeto internacional de logística. No início do ano, empresa anunciou fundo bilionário para apoiar climate techs. / Foto: Dennis Zhang (Unsplash)

O Sul da Flórida tem atraído cada vez mais capital para novos negócios, indo muito além de mercados onde já estava consolidado (como o turístico e imobiliário), graças à migração de investidores, fundos e empreendedores interessados em aproveitar o potencial da região como um hub global de negócios. Com essa concentração de capital e fundos, Miami passa a ser também uma “porta de recursos” para projetos e negócios fora dos EUA e das Américas. 

Uma empresa nascida na região há pouco mais de 10 anos, por exemplo, tem se consolidado como uma das principais investidoras independentes em infraestrutura global, com mais de US$ 40 bilhões em ativos sob gestão. A I Squared Capital, com sede em Miami, desenvolve e constrói plataformas de investimento para projetos de infraestrutura mundo afora e já conta com escritórios em Abu Dhabi, Londres, Munique, Nova Delhi, São Paulo, Cingapura, Sydney e Taipei. A empresa opera um diversificado portfólio de 85 empresas em 81 países, que somam mais de 66.000 funcionários em setores como serviços públicos, energia, infraestrutura digital, transporte, infraestrutura ambiental e infraestrutura social.

Na semana passada, a empresa anunciou a captação de mais de $ 600 milhões com Mubadala Investment Company (investidor soberano de Abu Dhabi), Qatar Investment Authority e outros co-investidores para a Transportation Equipment Network (TEN), segunda maior locadora de reboques da América do Norte, que conta com uma frota combinada de mais de 83.000 reboques e está presente na maioria dos centros de logística do continente.

Os reboques desempenham um papel fundamental nas complexas redes da cadeia de suprimentos, atendendo às necessidades de flexibilidade operacional e contratual dos clientes. “Todos os nossos co-investidores representam capital de longo prazo com a mesma mentalidade, que reconhecem o potencial do setor e apoiarão as ambições da TEN”, afirmou Gautam Bhandari, diretor de investimentos e sócio-gerente da I Squared. 

A empresa, que gera 280 empregos diretos, teve um crescimento recorde nos últimos 12 meses, resultado da expansão de negócios globais. Nos EUA, a estratégia agora é fortalecer o relacionamento com investidores da Costa Oeste. Para essa missão, a I Squared contratou a executiva Jan Mende, ex-vice-presidente sênior da Callan, uma das maiores empresas independentes de consultoria de investimentos dos EUA. Mende trabalhou com investidores institucionais e também foi responsável pela pesquisa de estratégias globais de infraestrutura privada, imóveis no mercado asiático e produtos de madeira. 

“A mudança ressalta nosso compromisso com a institucionalização da empresa e complementa outras contratações recentes que expandiram as capacidades de distribuição, gerenciamento de projetos e formação de fundos do I Squared”, ressalta Bhandari.

FUNDO BILIONÁRIO PARA CLIMATE TECHS

No início deste ano, a I Squared Capital anunciou seu primeiro Fundo Climático, criado em conjunto com a U.S. International Finance Development Corporation (DFC), para investir em projetos de infraestrutura relacionados ao clima. Ao todo, o fundo terá $1,2 bilhão em recursos ($900 milhões captados via I Squared e os demais $300 milhões do DFC). 

Na visão do presidente da I Squared, Sadek Wahba, a oportunidade de investir junto com a DFC ressalta a importância das parcerias público-privadas como veículos de apoio à infraestrutura sustentável: “isto também reduz o risco regulatório e político e permite investimentos em setores relacionados à infraestrutura com retornos ajustados ao risco atraentes em economias emergentes de alto crescimento”.

A expectativa, para empreendedores do Sul da Flórida, é que alguma parte desse capital possa ser aplicado em projetos locais, já que a região foi oficialmente reconhecida como um hub de climate techs – e já vem apresentando diversas inovações relacionadas à limpeza dos oceanos e criação de tecnologias que reduzem a pegada de carbono em edificações (leia mais nesta matéria).