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The Anxious Generation: How the Great Rewiring of Childhood Is Causing an Epidemic of Mental Illness

No livro, o psicólogo social Jonathan Haidt explica as causas da epidemia entre os jovens e defende uma infância longe das telas

Autor: Jonathan Haidt

Ideias centrais:

1 – A maioria dos adolescentes tem perfil em várias plataformas de redes sociais. Aqueles que usam as redes com regularidade passam duas horas por dia ou mais nelas. Em 2014, quase um terço das adolescentes meninas passava mais de vinte horas por semana nas redes.

2 – Smartphones e outros aparelhos digitais oferecem tantas experiências interessantes aos adolescentes e crianças que podem causar um problema sério: reduzir o interesse em todas as formas de experiência que não envolvem telas.

3 – Adolescentes que passam mais tempo nas redes têm maiores chances de sofrer de depressão, ansiedade e outros transtornos, enquanto aqueles que passam mais tempo com grupos de jovens (praticando um esporte ou numa comunidade religiosa) têm melhor saúde mental.

4 – Nas plataformas mais prototípicas, como o Instagram, os usuários publicam conteúdos – muitas vezes a respeito de si – e então aguardam o julgamento e os comentários dos outros. Essa dinâmica, em conjunto com a comparação social, está tendo efeitos mais prejudiciais sobre as meninas e mulheres jovens que sobre os meninos e homens jovens.

5 – As escolas podem fazer mais para reverter o distanciamento crescente dos meninos em relação à escola e o declínio de seu progresso escolar em comparação com o das meninas. Dois exemplos que podem aumentar o envolvimento dos meninos com a escola são oferecer mais oficinas e formação técnica ou profissionalizante e contratar mais professores homens.

6 – Incentive seus filhos a arranjar um trabalho de meio período. Ter alguém que não os pais mandando você fazer coisas é uma experiência excelente, mesmo quando não é lá muito agradável. Até bicos servem. Tirar a neve da frente da garagem dos vizinhos exige falar com um adulto, negociar um preço e completar uma tarefa.

Sobre o autor:

Jonathan Haidt é professor na Stern School of Business da Universidade de Nova York. Obteve doutorado em psicologia social pela Universidade da Pensilvânia. Sua pesquisa se concentra na psicologia social e política. É autor de A mente moralista.

Introdução:

A geração Z foi a primeira a passar pela puberdade com um portal no bolso, que os afastava das pessoas próximas e os atraía para um universo alternativo empolgante, viciante, instável e – como vou mostrar – inadequado a crianças e adolescentes. Ser socialmente bem-sucedido nesse universo exigia que eles dedicassem grande parte de sua consciência – o tempo todo – a gerenciar o que viria a se tornar sua marca na internet. Isso agora era necessário para que fossem aceitos por seus pares, o que é vital na adolescência.

Os adolescentes da geração Z se viram então obrigados a passar muitas horas de seus dias navegando pelas publicações felizes e reluzentes de amigos, conhecidos e desconhecidos. Assistiram a um número cada vez maior de vídeos criados por usuários e empresas de entretenimento transmitidos por streaming, oferecidos a eles por reprodução automática e por algoritmos projetados para mantê-los conectados o máximo tempo possível. Os adolescentes da geração Z passaram muito menos tempo brincando, conversando, tendo contato com seus amigos e parentes, ou até mesmo fazendo contato visual com eles, o que reduziu suas interações sociais corporificadas e essenciais para o bom desenvolvimento humano.

PARTE I – A onda gigante

Capítulo 1: O aumento repentino do sofrimento

A ansiedade está relacionada ao medo, porém não é a mesma coisa. A quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-S-TR) define medo como “reação emocional a uma ameaça iminente, seja real ou percebida, enquanto a ansiedade é a antecipação de uma ameaça futura”. Ambos podem ser reações saudáveis à realidade, porém quando excessivos podem se tornar transtornos.

A ansiedade e os transtornos associados a ela parecem definir os jovens de hoje. Em meio a uma variedade de diagnósticos de saúde mental, os de ansiedade foram os que mais cresceram, seguidos dos de depressão. Um estudo de 2022 com mais de 37 mil alunos que cursavam o ensino médio em Wisconsin apontou um salto na prevalência da ansiedade de 34% em 2012 para 44%, em 2018. Os maiores aumentos foram registrados em adolescentes mulheres e pessoas LGBTQAP+. Em um estudo de 2023 com universitários americanos, 37% dos entrevistados relataram sentir ansiedade “sempre” ou “na maior parte do tempo”, enquanto outros 31% relataram se sentir assim “cerca de metade do tempo”. Isso significa que apenas um terço dos universitários disse sentir ansiedade em menos da metade do tempo ou nunca.

Um relatório de 2015 do Pew Research confirmou esses números: um em cada quatro adolescentes dizia ficar “quase o tempo todo” online. Até 2022, esse número quase dobrou, chegando a 46%.

Essa porcentagem de “quase o tempo todo” é assustadora, e talvez seja a chave para explicar o colapso repentino da saúde mental dos adolescentes. Um número assim elevado sugere que mesmo quando a Geração Z não está no celular e dá a impressão de agir no mundo real, como na escola, durante a refeição ou mesmo em conversas, parte substancial de sua atenção está em monitorar ou se preocupar (trazendo ansiedade) com eventos no metaverso social.

Sherry Turkle, professora do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), escreveu em 2015 sobre os smartphones: “Com eles, estamos sempre em outro lugar”. Trata-se de uma transformação profunda da consciência e dos relacionamentos, que ocorreu, no caso dos adolescentes americanos, entre 2010 e2015. Esse foi o nascimento da infância baseada no celular, que marca o fim definitivo da infância baseada no brincar.

PARTE II – O pano de fundo: o declínio da infância baseada no brincar

Capítulo 2: O que as crianças precisam fazer na infância

Peter Gray, especialista em psicologia do desenvolvimento do Boston College, define o “brincar livre” como “a atividade livremente escolhida e dirigida por seus participantes, e levada a cabo por si só, sem a intenção consciente de atingir fins distintos da atividade em si”. A brincadeira física, ao ar livre, com crianças de idades variadas, é a forma de brincar mais saudável, natural e benéfica que existe. O brincar com algum grau de risco físico é essencial, porque ensina as crianças a cuidar de si próprias e umas das outras. Elas só podem aprender a não se machucar em situações em que poderiam se machucar, como lutando com um amigo, brincando de espadachim ou negociando o uso da gangorra com outra criança – se o fracasso da negociação puder causar dor ou constrangimento. Quando pais, professores ou treinadores se envolvem, a atividade se torna menos livre, menos brincadeira, menos benéfica. Em geral, os adultos tendem a dirigir e proteger.

Interações e rituais síncronos, cara a cara e físicos, constituem uma parte ancestral, profunda e subvalorizada da evolução humana. Adultos desfrutam disso, e crianças precisam disso para um desenvolvimento saudável. No entanto, as principais redes sociais atraem as crianças com horas sem fim de interação assíncrona, que pode parecer mais trabalho que diversão. A maioria dos adolescentes tem perfil em várias plataformas, e aqueles que usam as redes com regularidade passam duas horas por dia ou mais apenas nelas. Em 2014, quase um terço das adolescentes meninas passava mais de 20 horas por semana nas redes. É o equivalente a um trabalho de meio período, criando conteúdo para a plataforma e consumindo conteúdo criado por outros. Esse tempo não fica mais disponível para interagir pessoalmente com amigos.

Capítulo 3: Modo descoberta e a necessidade de risco no brincar

O brincar não supervisionado ao ar livre ensina as crianças a lidar com “riscos e desafios”. Desenvolver habilidades físicas, psicológicas e sociais deixa as crianças confiantes de que podem encarar novas situações, o que funciona como uma vacina contra a ansiedade. Neste capítulo, demonstro que uma infância humana saudável, com muita autonomia de brincar não supervisionado no mundo real, prepara o cérebro das crianças para operar no “modo descoberta”, com um sistema de apego bem desenvolvido e a habilidade de lidar com os riscos do dia a dia. De modo inverso, quando, sob pressão social, os pais adotam o modo moderno de superproteção dos filhos, o cérebro das crianças acaba operando no “modo defesa”, com menos apego seguro e com habilidade reduzida de avaliar e encarar riscos.

Nos anos 1980 e principalmente nos 1990, pais dos Estados Unidos, Canadá e Reino Unido passaram a ser mais temerosos por diferentes motivos, incluindo mudanças no ecossistema midiático e na transmissão de notícias. Eles perderam a confiança uns nos outros e começaram a passar muito tempo supervisionando os próprios filhos e a criá-los no modo defesa, vendo riscos e ameaças em tudo.

Capítulo 4: Puberdade e as mudanças na transição para a vida adulta

Na verdade, smartphones e outros aparelhos digitais oferecem tantas experiências interessantes aos adolescentes e crianças que podem causar um problema sério: reduzir o interesse em todas as formas de experiência que não envolvem telas. Smartphones são como os cucos, que deixam seus ovos nos ninhos de outros pássaros. Os ovos de cuco eclodem antes dos outros, e o filhote de cuco imediatamente tira os outros ovos do ninho, com a intenção de receber toda a comida trazida pela mãe, que está alheia a isso.

Um celular, tablet ou vídeo game tem um efeito similar na vida de uma criança, afastando-a praticamente da maior parte das outras atividades. Ela passará mais horas por dia sentada, numa espécie de transe, sem se movimentar (com exceção de um único dedo), ignorando tudo o que há além da tela. É claro que o mesmo pode acontecer com os pais, a ponto de famílias inteiras ficarem “sozinhas juntas”.

16 anos: o início da vida adulta na internet. Esse deve ser um ano importante em termos de independência, desde que antecedido de provas concretas de responsabilidade e crescimento. O Congresso americano precisa desfazer o erro cometido em 1998, quando determinou que 13 anos era a idade em que crianças podiam assinar contratos com corporações para abrir contas e entregar seus dados, mesmo sem o conhecimento ou consentimento dos pais. Acredito que essa idade deva ser alterada para 16 anos e necessitar de confirmação. O aniversário de 16 anos se tornaria um marco importante, no qual diríamos aos adolescentes: “Você pode tirar sua carteira de motorista e assinar certos tipos de contratos sem necessidade do consentimento de seus responsáveis. Também pode abrir contas nas redes sociais.”

PARTE III – A grande configuração

Capítulo 5: Os quatro prejuízos fundamentais: privação social, privação de sono, atenção fragmentada e vício

Privação social. Como a psicóloga Jean Twenge demonstrou, adolescentes que passam mais tempo nas redes têm maiores chances de sofrer de depressão, ansiedade e outros transtornos, enquanto aqueles que passam mais tempo com grupos de jovens (praticando um esporte ou numa comunidade religiosa) têm melhor saúde mental.

Privação de sono: É o segundo prejuízo fundamental. A troca de celulares básicos por smartphones comprometeu tanto a qualidade como a quantidade do sono dos adolescentes, em todo o mundo desenvolvido. Estudos longitudinais mostram que o uso do smartphone antecedeu a privação de sono.

Atenção fragmentada. Atenção é a capacidade de se manter em um caminho mental, apesar das muitas distrações que se apresentam. No entanto, smartphones agem como criptonita para a atenção. Muitos adolescentes recebem centenas de notificações ao longo do dia, o que significa que raramente têm cinco ou dez minutos para pensar sem ser interrompidos.

Vício: O quarto prejuízo. Os desenvolvedores dos aplicativos de redes sociais de maior sucesso usam técnicas behavioristas avançadas para transformar crianças em usuários assíduos de seus produtos, gerando o vício.

Capítulo 6: Por que as redes sociais prejudicam mais as meninas que os meninos

As plataformas de rede social servem ao propósito de compartilhar conteúdos gerados de maneira ampla e assíncrona. Nas plataformas mais prototípicas, como o Instagram, os usuários publicam conteúdos – muitas vezes a respeito de si – e então aguardam o julgamento e os comentários dos outros. Essa dinâmica, junto com a comparação social, está tendo efeitos mais prejudiciais sobre as meninas e mulheres jovens que sobre os meninos e homens jovens, e essa diferença aparece de maneira consistente em muitos estudos correlacionais.

Para as meninas, há uma relação maior e mais consistente. Quanto mais tempo uma menina passa nas redes, maiores são as chances de depressão. Meninas que dizem passar cinco horas ou mais por dia de semana nas redes têm uma probabilidade três vezes maior de depressão que aquelas que dizem não usar redes sociais.

Capítulo 7: O que está acontecendo com os meninos?

Vou contar essa história pela perspectiva de afastamento/atração. Primeiro mostro como o mundo real mudou, desde a década de 1970, tornando-se menos favorável a meninos e homens jovens – muitos passaram a se sentir inúteis e perdidos, sem propósito definido. Isto os afastou do mundo real. Depois, mostro como, a partir dos anos 1970 e de maneira muito mais acelerada depois de 2010, o mundo digital começou a oferecer aos meninos mais possibilidades de exercer atividades voltadas para a agenda que tanto desejavam, como explorar, competir, guerrear, dominar habilidades e assistir pornografia cada vez mais pesada, tudo numa tela que cabe no bolso. Daí a atração.

Produziu-se então uma desconexão cada vez maior dos meninos com o mundo real, e eles passaram a investir seu tempo e seus talentos no mundo virtual. Alguns vão encontrar carreiras de sucesso nessa esfera, porque seu domínio nesse âmbito pode proporcionar empregos lucrativos na indústria da tecnologia, ou mesmo como influenciadores. No entanto, para muitos, crescer no mundo virtual, embora possa ser uma fuga de um mundo cada vez mais inóspito, diminui as chances de se tornarem homens com habilidades e competências sociais para o sucesso no mundo real.

Se jogos online realmente fossem benéficos em termos de amizade, os meninos e jovens de hoje deveriam ter mais amigos e se sentir menos solitários que seus pares de 20 anos atrás. Entretanto, ocorre o oposto. Em 2000, 28% dos meninos entrevistados do terceiro ano do ensino médio relataram se sentir frequentemente solitários. Em 2019, esse número havia aumentado para 35%. Isso é sintomático de uma “pressão” no âmbito da amizade entre homens nos Estados Unidos.

Capítulo 8: Elevação espiritual e degradação

Durkheim argumenta que o Homo sapiens poderia muito bem ser chamado de Homo duplex, ou homem de dois âmbitos, pois existimos em dois âmbitos diferentes. Passamos a maior parte da vida como indivíduos em busca de interesses próprios, âmbito que Durkheim chamou de “profano”, ou seja, nosso dia a dia comum, no qual nos preocupamos com nossa riqueza, saúde e reputação. No entanto, Durkheim demonstrou que quase todas as sociedades criaram rituais e práticas comunitárias para “elevar” as pessoas e temporariamente ao âmbito do sagrado, no qual o “eu” desaparece e os interesses coletivos predominam. Pense nos cristãos cantando hinos juntos aos domingos na igreja; nos muçulmanos rodeando a Caaba em Meca, nos defensores dos direitos humanos em suas marchas.

Uma vida baseada no celular em geral rebaixa as pessoas. Muda a maneira como pensamos, sentimos, julgamos e nos relacionamos com os outros. Ela é incompatível com muitos dos comportamentos de comunidades religiosas e espirituais, alguns dos quais pesquisadores como David DeSteno provaram contribuir para a felicidade, o bem-estar, a confiança e a coesão do grupo. A grandiosidade da natureza está entre os caminhos mais universais e acessíveis para a admiração profunda, uma emoção intimamente ligada às práticas religiosas e ao progresso.

PARTE IV – Ações coletivas para uma infância mais saudável

Capítulo 9: Preparativos para a ação coletiva

Depois que alguns alunos ganharam smartphones e abriram contas nas redes sociais, os outros começaram a pressionar os pais. É doloroso para os pais ouvir dos filhos: “Todo mundo menos eu tem smartphones. Se eu não ganhar um, vão me excluir de tudo”. Poucos pais querem que o celular faça seus filhos pré-adolescentes se perderem e a visão deles como párias sociais é ainda mais perturbadora. Assim, muitos pais cedem e compram um celular para o filho de 11 anos, ou antes ainda. À medida que mais pais cedem, cresce a pressão sobre as crianças e pais que resistem, até que a comunidade atinja um equilíbrio estável, embora infeliz, com todo mundo tendo um smartphone, e todo mundo se perdendo nele. É o fim da infância baseada no brincar.

Governos podem criar leis, como exigir que as redes sociais verifiquem a idade de novos usuários, ou esclarecer leis que dizem respeito à negligência, não culpabilizando aqueles que querem dar independência a uma criança. Instituições podem criar políticas, como a escola exigir que todos os alunos deixem os celulares guardados durante o dia.

Capítulo 10: O que o governos e empresas de tecnologia podem fazer agora

Em 2013, Beeban Kidron, política do Reino Unido que é defensora dos direitos das crianças no mundo digital, fez um filme sobre a vida de adolescentes no mundo online, InRealLife [Na Vida Real], e ficou muito assustada com o que descobriu a respeito das estratégias de exploração dos adolescentes pelas empresas de tecnologia. Enquanto trabalhava no documentário, Kidron se tornou par vitalício da Câmara dos Lordes do Parlamento inglês, e a segurança das crianças na internet passou a ser sua prioridade. Depois de muita discussão, ela formulou uma lista de padrões de design que as empresas de tecnologia poderiam adotar para minimizar os malefícios do tempo online de crianças e adolescentes. A lista recebeu o nome de Age Appropriate Design Code, ou AADC, e foi promulgada no Reino Unido em 2020.

O sistema educacional americano vem se concentrando cada vez mais na formação escolar que conduz à universidade, e tem havido uma queda equivalente na oferta de cursos técnicos ou profissionalizantes, e, consequentemente, na participação dos estudantes. Trata-se de cursos que envolvem bastante experiência prática, em áreas como indústria, mecânica automotiva, agricultura e negócios. Segundo o escritor Richard Reeves, pesquisas indicam benefícios para meninos que fazem o ensino médio em escolas técnicas – eles apresentam uma taxa de graduação e salários mais altos comparados a meninos que fizeram o ensino médio em escolas tradicionais.

Capítulo 11: O que as escolas podem fazer agora

A Mountain Middle School, em Durango, no Colorado, proibiu os smartphones ainda em 2021, no início da crise de saúde mental. Quando Shane Voss assumiu a diretoria da escola, a taxa de suicídio de adolescentes na região era a mais alta em todo o estado. O cyberbullying, a privação de sono e a comparação social constante estavam fora de controle.

Voss proibiu celulares na escola. Durante o dia, eles precisavam ficar nas mochilas, nunca no bolso ou na mão. A política era clara, com consequências, caso um celular fosse encontrado fora da mochila. Os efeitos foram transformadores. Os alunos não ficavam mais sentados lado a lado em silêncio, rolando a tela enquanto aguardavam o início da aula. Eles conversavam, entre si ou com os professores. Voss disse que, quando entra em uma escola onde não há tal proibição, “é meio que um apocalipse zumbi. Tem um monte de crianças nos corredores, mas ninguém fala com ninguém. A atmosfera é muito diferente”.

O desempenho escolar melhorou, e depois de alguns anos a Mountain Middle School já era a melhor escola do estado.

As escolas podem fazer mais para reverter o distanciamento crescente dos meninos em relação à escola e o declínio de seu progresso escolar em comparação com o das meninas. Dois exemplos que podem aumentar o envolvimento dos meninos com a escola são oferecer mais oficinas e formação técnica ou profissionalizante e contratar mais professores homens. Assim como oferecer um recreio melhor nos anos iniciais da educação formal.

Capítulo 12: O que os pais podem fazer agora

Vários conselhos e dicas podem ajudar os pais em relação aos adolescentes, conforme determinados níveis de idade.

Para pais de adolescentes entre 13 e 18 anos:

Incentive seus filhos a arranjar um trabalho de meio período. Ter alguém que não os pais mandando você fazer coisas é uma experiência excelente, mesmo quando não é lá muito agradável. Até bicos servem. Tirar a neve da frente da garagem dos vizinhos exige falar com um adulto, negociar um preço e completar uma tarefa. Ganhar o próprio dinheiro e ter controle sobre como ele é gasto é empoderador para um jovem.

Encontre maneiras de seus filhos cuidarem e liderarem. O ideal é encontrar qualquer trabalho que envolva orientar ou cuidar de crianças mais novas, como servir de babá, monitor ou assistente técnico em algum esporte. Mesmo que ainda precisem de mentores, seus filhos podem fazer esse papel com crianças mais novas. Ajudar os mais novos promove empatia e liderança.

Mais emoção na natureza. Permita que seus filhos adolescentes vivam aventuras maiores e mais longas com os amigos ou em grupo – fazendo mochilão, canoagem, trilha, escalando, nadando –, em viagens que os levem para a natureza e inspirem emoções fortes, deslumbramento e aptidão no mundo real.

A ideia por trás de todas essas sugestões é permitir que os adolescentes cresçam com mais confiança e competência a partir do envolvimento com o mundo real. Incentive atividades em que eles precisam sair da zona de conforto.

Ficha técnica:

Título: The Anxious Generation: How the Great Rewiring of Childhood Is Causing an Epidemic of Mental Illness

Autor: Jonathan Haidt

Resumo: Rogério H. Jönck

Edição: Monica Miglio Pedrosa

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